A discussão sobre a propriedade ou não das doações privadas às campanhas eleitorais, muito motivadas pelos últimos escândalos que envolveram empresas fornecedoras da Petrobras, estão se desenvolvendo como se o que agora fora revelado fosse coisa inimaginável, um sinal dos tempos. Há décadas que as eleições no Brasil são financiadas dessa mesma forma, com empreiteiras, bancos, laboratórios, empresas multinacionais de variados setores destacando em seus orçamentos verbas consideráveis para transferir a candidatos e a seus partidos para custear a farra eleitoral. No capítulo das doações oficiais, esse é mais ou menos o quadro. Há também, sabe-se, de candidatos financiados pelo jogo do bicho, pelo tráfico de drogas e outros fora da lei, cujos valores doados, por razões óbvias, ficam apenas nos caderninhos que vez ou outra a polícia apreende e divulga. As prestações de contas, junto à Justiça Eleitoral, ou revelam generosos aportes quase sempre das mesmas empresas feitos a candidatos muitas vezes concorrentes aos mesmos cargos ou apresentam mágicas, de candidatos que conseguiram sua eleição sem quase gastarem um tostão. Elegem-se, dizem e eu acredito, com suas ideias, levadas pelo apoio de cabos eleitorais (isso ainda existe) e a eficácia do papelório com retratos, frases de compromisso e textos de farto lero-lero.
O país não suporta mais o custo de eleições a cada dois anos. Não pode se manter mais o funcionamento, como se dá, de câmaras municipais, de assembleias legislativas, da Câmara Federal e do Senado com salários imorais, verbas de representação e cerimoniais, desperdício permanente, uma conjugação de gastos e investimentos que desrespeitam princípios elementares de moralidade pública. Não tem sentido a quantidade de assessores, secretárias, prédios, material de escritório, equipamentos que são disponibilizados para muito pouco resultado. Todos sabem desses absurdos e nem no momento das eleições isso vem à tona. Simplesmente elegemos ou reelegemos os mesmos, aqueles que se nutrem e aos seus grupos dessas manobras. Uma criminosa podridão.
Cessaram os debates sobre o voto obrigatório, sobre a coincidência das eleições, sobre a obrigatoriedade de destinação fixa do orçamento nacional, dos Estados e municípios para o funcionamento dos legislativos. Não se falou mais sobre o voto distrital, sobre a representatividade dos partidos organizados às dúzias, sobre os tempos de TV e rádio para a propaganda eleitoral que viraram moeda. Isso mesmo: monetizou-se o direito dos partidos ao tempo da propaganda gratuita e por isso temos quase quarenta partidos recebendo dinheiro público do Fundo Partidário e nada se faz para acabar com essa impropriedade. Nada. Em 2016 teremos eleições, em 2018 também e assim seguiremos. Pagando e votando. Jogando dinheiro fora e aplaudindo. Que idiotas somos!
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