Uma das mais importantes transformações políticas do país está ocorrendo a partir da Justiça Federal em Curitiba. A ponto de alguns, com uma ponta de ironia, apelidarem o juiz Sérgio Moro de a “Suprema Corte de Curitiba”. A prisão dos presidentes das maiores construtoras do país, Norberto Odebrecht, Marcelo Odebrecht, e Andrade Gutierrez, Otávio Azevedo, reforça essa perspectiva. Tanto em razão da relevância da investigação a respeito das relações entre o mundo privado e o governo quanto em virtude do alcance político da iniciativa do Poder Judiciário.
Os eventos da sexta-feira passada acrescentaram uma forte tensão ao mundo político, em Brasília, uma vez que o início dos depoimentos dos 12 presos da 14ª fase da operação Lava Jato estava previsto para a segunda-feira. As buscas realizadas em São Paulo no dia 19 entraram pela noite. Somente no sábado a equipe da Polícia Federal retornou a Curitiba com o material recolhido. O executivo da Odebrecht Alexandrino Alencar está entre os quatro presos temporários que serão ouvidos primeiro pela Justiça.
A situação jurídica e política posta pela operação Lava Jato coloca imensa pressão também sobre o Supremo Tribunal Federal. Em especial, para o ministro Luiz Edson Fachin, que recentemente tomou posse na Corte. Sua chegada completa o quórum. Mas, além disso, abre condições para que o julgamento daqueles que têm foro especial seja acelerado.
Para Sergio Lazzarini, autor de um dos mais importantes livros (“Capitalismo de Laços”, editora Elsever) para entender o funcionamento das relações entre o mundo privado e o governo, “o rigor das punições aos empreiteiros presos na operação Lava Jato determinará se o Brasil passará por um momento de ‘transformação’, em que o clientelismo público-privado oferecerá riscos a ponto de impedir novos escândalos de corrupção como no caso da Petrobras”.
As transformações causadas pela operação Lava Jato já estão em curso e irão mudar, de forma indelével, as relações entre o setor privado e o governo. Nada será como antes, já que o custo-benefício de ações que ocorreriam ao arrepio da lei é muito grande.
Porém, fica uma ponderada advertência feita pelo vice-presidente da República, Michel Temer. As empresas devem pagar por seus erros, mas precisam ser poupadas e sobreviver. Não podem desaparecer. São importantes demais para a cadeia produtiva do país e para o desenvolvimento do capitalismo brasileiro. Foi assim nos Estados Unidos e na Europa em outros escândalos de corrupção.
Na sexta-feira, 26, o Conselho de Administração da Petrobras se reúne para discutir o Plano de Negócios 2015-2019. Não há garantia de aprovação nesse encontro, conforme já antecipado pelo diretor de Gás e Energia da empresa, Hugo Repsold.
O plano anterior previa investimentos de R$ 208 bilhões. Estima-se uma redução entre 20% e 30% desse valor. Também é esperado que a empresa anuncie uma redução da meta de produção de petróleo para cerca de 3 milhões de barris diários em 2020.
A Petrobras representa mais de 10% da formação bruta de capital no Brasil. No primeiro trimestre do ano, os investimentos caíram 1,3% na comparação com o trimestre anterior. Foi o sétimo recuo consecutivo. Portanto, o governo vê como fundamental o Plano de Negócios para estimular a economia. Mais: é uma sinalização para a sociedade de que, apesar dos escândalos de corrupção, os investimentos da empresa continuam robustos.
O poder transformador do petrolão e a determinação da Petrobras
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