Boi pode voar
A chapa dos sonhos de um número crescente de políticos em Minas é a que juntaria no mesmo palanque os quatro principais candidatos ao governo. E nessa ordem: Pimentel para governador, Dinis Pinheiro para vice, Lacerda e Rodrigo Pacheco para senadores. Os defensores do chapão alegam que a união dos adversários seria necessária para preservar lideranças mineiras de uma eventual destruição em massa de políticos em outubro. Tal união, por mais estranha ou difícil que pareça, está entre as possibilidades. Há clima favorável nos bastidores. E a flexibilidade dos políticos é enorme; tanto que inspirou velho ditado segundo o qual na política até boi pode voar.
Salve geral
O pressuposto é que todos seriam eleitos por essa, digamos, União Mineira. O arranjo beneficiaria inclusive Aécio. Desgastado e ausente, o senador tucano não teria condições de integrar a chapa majoritária, mas poderia se garantir com um mandato de deputado, assim como o vice-governador Antônio Andrade. Enfim, o acordão acomodaria os nomes mais importantes.
Aversão a risco
Não se sabe de contatos entre candidatos, a não ser entre Lacerda e Dinis. Por ora, as conversas para acordo são meras especulações de aliados. Mas não faltam estímulos para busca do entendimento. Com a falta de grana e o desencanto do eleitor, obter voto é como tirar leite de pedra. Todos andam assustados. E ninguém pode se dar ao luxo de uma derrota: nem Dinis e Lacerda que estão sem mandato, nem Pimentel que enfrenta processos, nem Pacheco que está no começo da carreira. Enfim, o risco ficou elevado demais para todos.
Dá para fazer
Se a tal União Mineira vai prosperar, só o tempo para dizer. O que se pode avaliar hoje, a partir do passado dos candidatos, é que não há obstáculos instransponíveis ao acordão. Enquanto presidiu a ALMG, Dinis se deu muito bem com o PT de Pimentel, que apoiou Lacerda em seu primeiro mandato na PBH. E Rodrigo tem perfil conciliador.
Meia união
Uma vertente dos defensores de um acordo entre os candidatos propõe uma união menos ampla, só entre os nomes de oposição, sem Fernando Pimentel.
Sonho americano
Um alto executivo de multinacional no Brasil contou que o seu filho de apenas 23 anos, residente nos EUA, assumiu o primeiro emprego há apenas três meses e já está comprando uma casa com recursos próprios. O jovem não precisou juntar dinheiro: foi a um banco e saiu com o empréstimo, sem nenhuma entrada e com 30 anos para pagar a juros de 4% ao ano.
Leticia Saldanha, Ricardo Queiroz e Roberta Cavina
Embaralhando o jogo
O desembargador Antônio Carlos Cruvinel pode embaralhar a sucessão no Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG). Ele pretende recorrer ao STF para pedir a aplicação do artigo 102 da Lei Orgânica da Magistratura nas eleições na corte em abril. Tal artigo diz que cargos de direção no tribunal devem ser ocupados pelos desembargadores mais antigos. É a chamada regra de antiguidade, que foi quebrada com uma mudança de regimento do TJ para permitir a eleição do ex-presidente Pedro Bitencourt e do atual Hebert Carneiro.
Questão polêmica
Três tribunais já apelaram ao STF pela regra de antiguidade. Dois tiveram o pedido negado (São Paulo e Santa Catarina) e um teve êxito (Paraíba). O assunto divide o Supremo, que ainda não tomou posição sobre o mérito.
Mudança de nomes
Se Cruvinel tiver sucesso em Brasília, os dois nomes em campanha para presidente, Nelson Messias e Carlos Augusto Levenhagen, ficarão fora do páreo. E a disputa será restrita aos cinco desembargadores mais antigos, entre eles o autor da ação. Obviamente, Cruvinel não está sozinho em sua iniciativa. A regra da antiguidade tem apoios no tribunal por permitir que todos tenham sua vez no rodízio de cargos da diretoria, eleita a cada biênio.