Desembarque aliado
Ontem, um dia após FHC dar o sinal, o desembarque tucano do governo Temer passou a ser visto como inevitável, uma decisão que o partido não poderá deixar de tomar durante sua convenção de dezembro, se quiser se manter inteiro. Até membros do grupo de Aécio já estão aceitando a saída, após confrontados com pesquisas apontando o desgaste que o governismo causou ao partido. Agora, duas questões se colocam: como fica o governo Temer sem o PSDB? O movimento de retirada ficará limitado aos tucanos ou será seguido por outros partidos governistas?
Perdas e riscos
A saída tucana sangra o governo Temer. Bem mais que o dono de votos na Câmara (46) e no Senado (12), o PSDB é uma grife no sistema partidário, a legenda mais influente no empresariado, grande mídia e na classe média. Perder o PSDB significa perder apoio nos segmentos que deram respaldo ao governo para as suas reformas econômicas. E mais: a saída tucana pode virar senha ou gatilho para um desembarque em massa de aliados.
“Sarneyzação”
O risco do desembarque em massa é alto. O medo da derrota eleitoral que está motivando a decisão tucana também afeta outros aliados, sobretudo os partidos com ambições de poder, que querem governar Estados ou o país e eleger bancadas maiores. Casos do DEM de Rodrigo Maia, que já vem se distanciando de Temer, e do PSD de Henrique Meirelles, pré-candidato a deixar o governo em abril. Na impopularidade atual, Temer é tóxico para todos; pode terminar o mandato como Sarney, isolado e inepto, ao lado dos mais pragmáticos e clientelistas ou daqueles sem nada a perder.
Saída do maestro
Meirelles vem reafirmando a sua condição de candidato sem se prender à disputa do Planalto. Deixa cada vez mais claro que quer disputar eleições; o cargo dependerá das circunstâncias. O que implica em sair da Fazenda seis meses antes do pleito. Ou seja, o governo Temer está para perder o maestro de sua política econômica nos meses mais decisivos da campanha.
Foco nas urnas
Como ministro mais poderoso, Meirelles não poderia se lançar candidato a nada menos que presidente. Ou se depreciaria. Mas ele avalia opções (vice, governador, senador). Antes de assumir a Fazenda, o ministro presidiu o conselho empresarial dos irmãos Batista (JBS). Talvez ele nem possa se dar ao luxo de não disputar um mandato – e o foro privilegiado.
Wadson Ribeiro e Cici Magalhães, da Prefeitura de Manhuaçu.
Partida
Morreu ontem, aos 87 anos, a pedagoga, psicóloga e historiadora Irene de Melo Pinheiro. O candidato a governador Dinis Pinheiro e os deputados Ione e Toninho Pinheiro perderam a sua mãe. E a educação mineira, uma profissional que durante muitos anos foi a gestora da Fundação Helena Antipoff, entidade continuadora da obra da pesquisadora de mesmo nome, que introduziu o ensino especial para deficientes entre nós.
O quórum
Dos 41 vereadores de Belo Horizonte, 27 compareceram ao almoço oferecido ontem pelo prefeito Kalil aos membros da Câmara Municipal, no quinto andar da sede da PBH. Faltou um vereador para completar a maioria qualificada de 28 ou dois terços na casa, exigida na aprovação de muitas matérias.
Vai de novo
Romeu Zema vai disputar o governo mineiro pelo Partido Novo, segundo afirmou o seu primo Ricardo Zema Guimarães em email ontem à coluna. Ricardo escreveu para defender que a promoção de Rogério Contato a diretor da CBMM foi por “competência pessoal” e não tem viés político.
Boas festas
As agências já começaram a comprar mídia para campanhas publicitárias de fim de ano. E estão muito otimistas. Hélio Faria, presidente do conselho empresarial de comunicação da ACMinas, estima um crescimento de 25% no faturamento bruto na propaganda natalina, em relação a 2016.