Dos males o menor
Por temperamento, Eduardo Cunha gostaria de partir para cima de Dilma e Janot com agressividade total, na base do tudo ou nada. Só que, no caso dele, uma derrota nesse confronto lhe custaria o mandato. E perdendo o mandato, ele perderia também o foro privilegiado no STF, caindo nas mãos do juiz Sérgio Moro, que lhe daria um julgamento mais célere e rigoroso. Se ouvir os seus advogados, Cunha vai ficar mansinho e docinho.
Sangria lenta
A crise na Câmara dos Deputados com a denúncia do seu presidente pode se arrastar por semanas. Cunha tem temperamento para resistir. E os seus adversários não terão pressa em afastá-lo do cargo até que se articule um sucessor. Especialmente o Planalto vai ser cauteloso com a troca de Cunha, para evitar um substituto que possa oferecer ainda mais risco ao governo.
Equilibrismo
O PSDB não vai blindar nem apoiar Cunha. Tentará ficar equidistante do imbróglio, longe o bastante para evitar danos à sua imagem e perto o necessário para aproveitar as oportunidades de desgastar o governo Dilma.
Questão fechada
O deputado Marcus Pestana iria conversar com Marcio Lacerda nesta sexta-feira para retomar as tratativas sobre a aliança PSDB-PSB e reiterar que os tucanos não abrem mão de candidato próprio na capital mineira. A decisão tucana, que não é nova, vem se consolidando em reuniões partidárias em Brasília. O PSDB entende ser a bola da vez em BH. E ponto.
Isca no anzol
Antes da reunião com o prefeito, Pestana indicou a contrapartida que o PSDB deve colocar na mesa de negociações: para eleger um tucano em BH em 2016, o partido pode apoiar em 2018 uma candidatura de Lacerda ao Senado ou mesmo ao governo do Estado.
Não colou
A coluna indagou a Pestana sobre a possibilidade de Josué Valadão, pré-candidato de Lacerda à sua sucessão, entrar para o PSDB e se tornar nome de consenso do prefeito e dos tucanos. O deputado se limitou a dizer que considera Valadão “um bom quadro para integrar a equipe” de governo.
CPI das ruas
A Câmara de BH aprovou nesta sexta-feira, por 14 votos, a instalação de uma CPI sobre ruas “privatizadas” – vias sem saída em que os moradores colocam cancelas e impedem o trânsito de outras pessoas. Há várias delas em bairros nobres, formando “condomínios” em áreas públicas. É mais uma briga grande assumida pelo presidente da casa, Wellington Magalhães.
Bom exemplo
O prefeito de São Gonçalo do Rio Abaixo, Antônio Carlos Bicalho, vem recebendo elogios públicos do Ibram pelo modelo de administração que adotou na cidade-sede da mina Brucutu, da Vale. Ele implantou sistema de acompanhamento de preços do minério para prever com segurança as receitas futuras. E com isso, diz o Ibram, o município teria hoje planejados e garantidos os recursos para as suas obras nos próximos cinco anos.
Cristão novo
São Gonçalo começou a minerar em 2005. Está no início do processo e tem a chance de aprender com os erros de cidades que mineram há décadas, quase todas em crise profunda no presente porque não souberam planejar o futuro no tempo das vacas gordas na mineração. A tentação para a gastança é enorme: São Gonçalo, com Brucutu, saiu em dez anos de uma receita de R$ 20 milhões para cerca de R$ 190 milhões: quase dez vezes mais.
Fator emprego
A pesquisa de emprego do IBGE dá pistas para se entender a diferença de público nos protestos anti-Dilma no último domingo. Em São Paulo, onde os atos na avenida Paulista concentraram 40% dos manifestantes de todo o país, o desemprego em julho chegou a 7,9%, acima da média nacional de 7,5%. Já em BH, onde o protesto levou seis vezes menos pessoas à praça da Liberdade, a taxa ficou em 6%, uma das mais baixas no país.