Favoritismo
As articulações de Rodrigo Maia (DEM) na Câmara Federal e de Eunício Oliveira (PMDB) no Senado já avançaram demais. Embora muita água ainda possa passar debaixo da ponte até fevereiro, quando serão eleitos os presidentes no Congresso, a dianteira desses dois candidatos é incontestável e difícil de ser superada por rivais. Especialmente Maia é franco favorito.
Bônus e ônus
Com Maia e Eunício, o Congresso poderá continuar batendo recordes de governismo. Por outro lado, também seguirá sujeito às turbulências geradas pela Lava Jato, já que os favoritos estão na delação da Odebrecht. Sobretudo o caso de Eunício denota gravidade: o presidenciável do Senado é acusado de receber propina pela aprovação de medida provisória.
Aliado oculto
Pimentel está torcendo pela reeleição de Maia, apesar do antagonismo entre os seus partidos. O governador conversa muito bem com o atual presidente da Câmara, de quem se tornou próximo graças à amizade com o pai deste, César Maia. O relacionamento entre Pimentel e Maia pai vem dos anos 2000, época em que os dois foram prefeitos, um em BH e o outro no Rio.
Os sem-crise
O setor financeiro no Brasil segue no melhor dos mundos. Ao longo do ano o setor não só ficou imune à crise como ainda apurou lucros estupendos. Até o Natal, o principal indicador da bolsa, Ibovespa, acumulou alta de 33%. Só no 1º semestre, os cinco maiores bancos somaram lucro líquido de R$ 29,7 bilhões (média de quase R$ 6 bi por cada), graças às maiores taxas reais de juros do globo. De fato, o índice de satisfação nesse meio poderia chegar aos 100% não fossem as incertezas políticas geradas pela Lava Jato.
Donos do Brasil
A bonança na crise reflete o empoderamento do setor. A área financeira sempre mandou no país, mas nunca tanto como agora: hoje, ela domina o governo central. Nos últimos dois anos, exceto pela breve gestão de Nelson Barbosa, a Fazenda vem sendo tocada por executivos de bancos: antes Joaquim Levy (Bradesco), agora Meirelles (ex-Boston). E a política econômica persegue integralmente as reformas defendidas pelo setor: a agenda de Temer é a do mercado financeiro.
Fora do teto
Expressão máxima de sua força, os ‘donos’ do Brasil tiveram encargos da dívida pública excluídos do Teto dos Gastos. De fato, o Teto foi criado para dar total garantia aos credores: primeiro, a remuneração deles, depois os serviços à população. O governo Temer ainda favorece o setor ao deixar intocados os subsídios para empresas, hoje superendividadas: uma quebradeira aí poderia atingir bancos credores e estragar a festa do mercado.
Nova hegemonia
A troca de Dilma por Temer só ocorreu após aval do mercado financeiro. Do mesmo modo, o setor deve ser decisivo na sucessão do presidente atual, quando ela ocorrer. No momento, a turma não quer mudança no Planalto, até por estar contente com os rumos no país. Mas, se isso for inevitável, o setor irá direcionar a sucessão para nome que mantenha a atual orientação econômica. É o capital financeiro como nova força hegemônica.
Rei morto, rei posto
O predomínio financeiro coincide com a decadência da indústria brasileira. Uma coisa tem tudo a ver com a outra. Nos governos petistas até 2014, o setor industrial ditou as prioridades da economia. Os industriais perderam o seu reinado no poder central a partir do segundo mandato de Dilma. E hoje nem podem reclamar: as grandes indústrias estão quase todas penduradas de dívidas nos bancos.
Iran Barbosa, Décio Freire, Carlos Rubéns Doné e Luiz Tito em almoço de fim de ano, que marcou a inauguração das novas instalações do escritório de advocacia Décio Freire & Associados
Descuido
O belo imóvel histórico do Instituto de Educação em BH apresenta pintura desgastada, muitas pichações e até uma árvore crescendo no teto.