Fim de linha
A base política de Temer desmoronou no fim de semana, levando consigo as reformas que eram a sua razão de existir. Desde sábado, a movimentação nos bastidores em Brasília está orientada para a discussão de alternativa ao governo morto-vivo. À exceção de um pequeno grupo no Planalto, todos já discutem o pós-Temer. E só. O que ainda segura partidos como PSDB e DEM ao presidente, e dá uma sobrevida apenas artificial a sua gestão, é a inexistência (ainda) de um nome consensual para substitui-lo. Não dá para sair de um barco sem ter para onde pular.
Ele existe?
O grupo político que liderou o impeachment e vinha sustentando Temer foi pego de surpresa pela delação da JBS. Agora, em meio ao tumulto, precisa achar um meio de operar a substituição sem prejuízo à política econômica e às reformas. Busca-se uma solução para manter tudo como dantes, menos o presidente: ou seja, uma continuidade do governo Temer com outro titular. O problema é achar esse nome. O presidenciável terá que saber lidar com o Congresso e ter passado imune à Lava Jato, requisitos hoje contraditórios em vista da contaminação do sistema político. Não bastasse isso, o novo presidente terá de se dispor a tocar reformas que farão dele tão impopular como Temer. Será que esse(a) brasileiro(a) existe?
Por um fio
No Planalto e partidos governistas há gente aferrada à esperança de uma salvação para o governo no STF, com a corte suspendendo o inquérito contra Temer ao julgar amanhã o recurso presidencial. A chance, se existe, é um fiapo. Ainda que o Supremo tope afrontar a opinião pública para acatar o pedido de Temer, nem ele e seu governo estarão salvos nem o país retomará a normalidade uma vez que não há como impedir o surgimento de mais acusações. O presidente já caiu na Lava Jato. E o que se viu ou ouviu até agora não é o total de sua participação.
Caso Andrea
A coluna recebeu e-mails ferozes de leitores por ter criticado o aparato policial espetaculoso e exorbitante empregado na prisão de Andrea Neves. Acham que ela não tem nenhum direito por ser quem é. Muitas pessoas não querem justiça e, sim, vingança. Não se contentam com a punição judicial para os acusados; querem que sejam execrados e humilhados. Tudo isso é assustador. Quem não pode ver em Andrea uma pessoa e cidadã também não pode ver a humanidade e a cidadania dos demais brasileiros. Não existe Justiça seletiva. Só existe a Justiça. E ela tem que valer para todos.
Na preventiva
A propósito, a prisão de Andrea foi preventiva. Isso quer dizer que não há data para a libertação: a irmã de Aécio Neves pode ficar na cadeia por semanas ou meses. Ou anos. Até agora, esse tipo de prisão tem sido usado na Lava Jato quando há muitas evidências contra o acusado e/ou quando se quer forçá-lo a uma delação premiada.
Arrasando no pretinho básico, Ana Cristina Marquito e Marina Martins
Diretas Já
Entra hoje na CCJ da Câmara Federal uma PEC de Miro Teixeira (Rede) propondo eleições diretas em caso de vacância da Presidência até seis meses antes do fim do mandato. A emenda permite antecipar apenas a eleição de presidente, mantendo a de governadores e parlamentares em 2018. De todas as emendas pró-diretas, é a de maior chance de aprovação.
Templo em templo
Há relatos de movimentação intensa em BH do vereador Bispo Fernando, que estaria promovendo filiações em massa ao PSB nas igrejas Universal do Reino de Deus. O movimento chama atenção por ocorrer no momento em que o partido prepara congressos para renovar sua direção em todos os âmbitos: municipal, estadual e nacional.
Império político
Especula-se que o vereador está tentando acumular forças para disputar ou influir no novo comando do PSB em BH e Minas. E a Universal, que já domina o PRB, estaria buscando ampliar sua presença em novas siglas para sedimentar o seu império político no país.