Grito dos vencidos
As centrais sindicais voltam às ruas hoje humilhadas e derrotadas, vencidas por uma reforma que, a partir de amanhã, acabará com a sua principal fonte de receita, o imposto sindical (R$ 2,9 bilhões em 2016), além de alterar profundamente as relações trabalhistas no país, à revelia dos sindicalistas. O que vai ser dos sindicatos daqui pra frente, ninguém sabe. O governo 100% patronal de Temer colocou seus dirigentes de joelhos. E mergulhou o sindicalismo brasileiro em sua maior crise em décadas, talvez da história.
Bobeou, dançou
Os sindicatos protestam por protestar. É improvável que o grito reverta sua situação. Deviam ter gritado antes da votação da denúncia contra Temer, quando tinham mais poder de pressão. Em vez disso, preferiam se fiar à promessa do Planalto, avalizada por Paulinho da Força Sindical, de criação de uma nova contribuição financeira para os sindicatos por meio de MP, com vigência imediata. E deu no que deu: após salvar o mandato, o presidente quebrou o acordo e deve enviar um projeto de lei, de tramitação incerta; os sindicatos que se virem para aprová-lo no Congresso de maioria patronal.
Novo propósito
A humilhação dos sindicatos ainda é maior diante das concessões de Temer às entidades patronais, que preservaram os bilionários recursos do Sistema S. Mas apesar de tão ferrados, os sindicatos ganharam algo, e precioso: um novo propósito de existir. Sem o dinheiro fácil do imposto, e dependentes da contribuição voluntária, os sindicalistas vão ter que largar o peleguismo e correr atrás de associados. Felizmente, a mesma reforma que os derrotou também os torna mais necessários. Afinal, alguém tem que ficar de olho na aplicação das novas regras trabalhistas.
Guerra continua
O Brasil foi o último escravocrata, tem o maior número de trabalhadores domésticos e o título de um dos países mais desiguais do mundo. Com tal histórico social, não será surpresa se a reforma der margem a casos de superexploração. O que dá aos sindicalistas uma oportunidade de reação: eles podem capitalizar eventuais abusos dos patrões para reerguer as suas entidades e ainda influenciar na eleição do novo Congresso, apoiando nas urnas candidatos para reformar a reforma trabalhista. Os sindicatos já perderam batalhas fragorosas, mas a guerra não acabou.
Sem acordo
Morreram as expectativas de um acordo na Fiemg para a eleição de uma diretoria de consenso, após o fracasso de nova tentativa de diálogo entre as duas chapas em disputa na entidade. As últimas conversas para busca do acordo ocorreram em outubro. Agora, segundo se ouve em ambos os lados, não haveria mais espaço para negociações. E que vença o melhor.
Kadu Vianna e Christiano Lima.
Segue firme
O deputado Vanderley Miranda, do PMDB, contesta notícia de que estaria perdendo espaço na Igreja Batista da Lagoinha para um vereador da capital que começou a atuar por lá. Prova disso, segundo ele, é a sua condição de pastor e apresentador de um programa oficial da Igreja no rádio.
Sem cabresto
Ao explicar a disputa eleitoral na sua Igreja, o deputado forneceu uma visão do voto evangélico que foge ao lugar comum. Diferente do que muita gente pensa, o segmento é aberto e muito competitivo. Segundo Miranda, “uma dezena” de candidatos concorre com ele na Igreja onde é pastor. Por outro lado, nenhum candidato fica preso a uma só Igreja; no seu caso, ele também colhe votos na Assembleia de Deus e Presbiteriana. “Não tem voto de cabresto”, diz, “tem voto de trabalho”. Como em todo lugar, acrescente-se.
Batista 6.0
A propósito: a Batista Lagoinha, uma das tradicionais igrejas evangélicas de Belo Horizonte, estará completando em dezembro 60 anos de existência, sendo 50 sob a presidência do pastor Marcio Valadão. Com uma “membraria” de mais de 80 mil almas, é uma potência religiosa. E a data, claro, não passará em branco: o pastor-deputado Miranda já está providenciando uma sessão especial de homenagens na ALMG.