Obra no crédito
Há estudos de instituições prestigiadas apontando forte aumento do endividamento do setor público. Nas contas do Ibre/FGV, o volume de operações autorizadas de crédito dos Estados e municípios saltou de R$ 61,3 bilhões no período de 2006 a 2010, ou média anual de R$ 12,2 bilhões, para cerca de R$ 125 bilhões nos últimos três anos, ou R$ 41,6 bilhões/ano. A justificativa é a conhecida: obras para a Copa.
Agravante
O endividamento vem ocorrendo simultaneamente à gradual redução do superávit primário, que é a economia nos governos para pagar juros dessas dívidas. O superávit de Estados e municípios caiu de 0,74% do PIB, em 2009, para 0,34% – ou menos da metade – em 2013. Para este ano, há projeções de que a poupança pública não passará de 0,25%. Pelo menos oito Estados já estão no vermelho, acusando déficits. Resumo da ópera: pode estar se desenhando uma nova crise fiscal no país.
Rio Turvo
Em Coimbra, terra natal da colunista, um córrego que já foi chamado de rio Turvo agoniza no centro da cidade em meio à indiferença de autoridades e cidadãos. Virou um fio de água suja após ter as margens tomadas e o leito invadido por propriedades privadas, em total afronta às leis ambientais do país. Isso, noves fora o lixo e o esgoto que infelizmente são jogados sobre ele.
Crime impune
O rio Turvo vai sendo morto às vistas de toda a cidade de Coimbra, da prefeitura municipal e do próprio IEF, que tem conhecimento da agonia do córrego e nada faz efetivamente para deter o avanço das propriedades. No momento, pelo menos dois novos edifícios se erguem sobre o curso d’água. É aquela história: como os primeiros invasores não foram punidos, outros os seguiram na confiança de que as leis no Brasil não valem nada pois não há quem as faça respeitadas. Com a palavra, as autoridades ambientais do Estado, entre elas o secretário do Meio Ambiente, Adriano Magalhães.
Desconfiança
Pela primeira vez em dez anos, o empresário Cristiano Veloso, da Verde Fertilizantes, foi questionado por investidores estrangeiros sobre os rumos da economia no Brasil. Aconteceu durante uma reunião recente em Londres.
Um dia sai
A empresa de Veloso, com sede na capital, busca recursos para a implantação de uma fábrica de potássio em São Gotardo, no Triângulo Mineiro. Já garantiu mais de R$ 200 milhões para os investimentos. O início da produção não tem data: depende da liberação do licenciamento ambiental, sempre imprevisível. Após a licença, o prazo para inauguração é de 18 meses.
Paradoxo
O Brasil importa 90% do potássio usado em sua lavoura. Trata-se de um dos maiores paradoxos brasileiros: embora o país seja uma potência agrícola e possua imensas reservas minerais, a indústria nacional de fertilizantes é incipiente, inexpressiva. Aqui se fabrica todo tipo de bens de consumo, mas não se produzem insumos estratégicos para a competitividade do agronegócio que sustenta a balança comercial do país.
Despedida
O reitor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), Clélio Campolina, está encerrando seu mandado com uma missão no exterior. Hoje e amanhã, estará em visita a universidades de Hong Kong, na China, dando sequência ao roteiro iniciado no dia 24, em Bruxelas, na Bélgica, onde participou de fórum sobre ensino superior. Viaja com ele o diretor de Relações Internacionais Eduardo Vargas. Campolina deve deixar o cargo ainda neste mês.
Alternativo
O senador Randolfe Rodrigues (AP), candidato a presidente do PSOL, ainda não aparece nas pesquisas, mas tem potencial para amealhar alguns pontinhos na preferência dos eleitores: jovem e impetuoso, fala bem e adota discurso radical ao gosto de várias tribos urbanas. Se repetir o desempenho de Heloísa Helena (AL), que deu ao partido 6,8% dos votos válidos em 2006, pode ser decisivo para viabilizar o segundo turno.