Prisão de Lula
Tudo caminha para que Lula seja preso em algumas semanas. Pelo andar do processo e pela tendência do Judiciário, o julgamento do ex-presidente no TRF, em fase de recursos, deverá ser concluído nos próximos 30 dias. Isso significa que ele poderá ser preso a partir de março. Lula sabe disso. Daí a inclusão do ex-ministro Sepúlveda Pertence em sua defesa. Mas o reforço chega tarde; a essa altura a prisão de Lula já parece irreversível.
Virada difícil
Em tese, o ex-presidente poderia ser salvo da prisão por uma reviravolta no STF. A posição da maioria na Corte, fechada nesta semana com o voto de Alexandre Moraes em caso similar, é o de que qualquer réu já pode ser preso após condenado em 2ª instância – situação de Lula em breve. Para esse entendimento mudar, ministros precisam rever os votos. Ocorre que a presidente Cármen Lúcia resiste em reabrir a questão. E mesmo que o assunto volte à discussão, as chances de Lula são ruins. Os ministros que sinalizam mudança de opinião, Gilmar Mendes e Rosa Weber, indicam votos opostos; assim, no frigir dos ovos, o placar continuaria igual.
E agora, povão
Hoje, a maior incógnita no caso Lula é a reação da opinião pública. Depois das manifestações no julgamento em Porto Alegre, restritas aos militantes, ninguém espera uma comoção popular ou grandes protestos com a prisão do ex-presidente. O que suscita preocupações e dúvidas é o apoio popular à decisão judicial, e seus efeitos nas eleições e na imagem das instituições.
Justiça e o Diabo
Pelas pesquisas, a reação popular depende do próprio Judiciário. Segundo o Datafolha, a condenação do petista foi considera justa por 50% e injusta por 43% (7% são indecisos). Metade da população não endossa a sentença. A percepção de Lula como vítima pode cair nos próximos meses se outros políticos forem punidos com o mesmo rigor. Do contrário, a percepção do ex-presidente como vítima, já altíssima, tende a predominar. O diabo é que o sistema não é ágil e eficiente para dar a resposta que o povo quer. E para indignação geral, o risco é Lula ficar preso enquanto nomes envolvidos em escândalos ainda maiores ficam livres até para disputar eleição.
Desastre de gestão
Um relatório de 2011 do Sinduscon já apontava a necessidade de reparo urgente no viaduto que caiu terça-feira e em mais oito construções viárias em Brasília. Mas as autoridades locais preferiram gastar quase R$ 2 bilhões no Mané Garrincha para a Copa. E relegaram os reparos. Deu no que deu.
Sem consequência
O episódio lembra a queda do viaduto dos Guararapes em BH em 2014. O caso mineiro completa quatro anos em julho, sem desfecho nos processos. Além da má gestão de recursos e prioridades, a falta de consequências para os responsáveis estimula a negligência em obras civis no país. E explica os desastres absurdos da nossa engenharia, 2.000 anos depois dos romanos.
Leonardo Azevedo e Diogo Silva em evento da Caixa de Assistência aos Advogados (CAA).
Noite de zebra
O empresário Romeu Zema será “apresentado” como candidato do Partido Novo em evento nesta quinta-feira à noite; antes visitou o prefeito Kalil e cumpriu outras agendas em BH como virtual postulante ao governo. Zema está confirmando seu nome no páreo. É a zebrona da campanha.
Pequeno notável
O Novo é jovem e nanico mas tem grandes ambições. Apoiado por fortes empresários do comércio e varejo, como o candidato Zema, o partido estreou ano passado elegendo vereadores em quatro capitais, entre elas BH. Este ano, disputará o Planalto com João Amoêdo e os governos de cinco Estados (Minas, São Paulo, Paraná, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro).
Inimigo meu
O vice-governador Antônio Andrade não dá sinal de deixar o MDB. Ao contrário, ele pretende manter a presidência da sigla nas mãos, para liderar uma dissidência a favor de Rodrigo Pacheco, pré-candidato ao governo com apoio tucano. E ainda boicotar o palanque do seu maior desafeto, Fernando Pimentel, que tem justamente o MDB como principal aliado.