Reviravolta
“Política é como nuvem. Você olha e ela está de um jeito, olha de novo e já mudou”: a frase de Magalhães Pinto nunca foi tão certa no país. E o PMDB é um bom exemplo. Horas após a coluna comentar manobras para levar o partido a mudar de lado em Minas, passando do campo de Pimentel para o de Aécio, informa-se uma reviravolta na cúpula: segundo o ex-governador Newton Cardoso, já está a caminho carta de Brasília autorizando eleições no diretório mineiro em outubro. O pleito havia sido adiado por um ano pelo presidente nacional Romero Jucá, num ato que garantia no comando do diretório mineiro um aliado dos tucanos, Antônio Andrade. A mudança de Jucá, liberando as eleições, ocorreu após conversas com o filho do ex-governador, deputado Newton Jr.
Novo arranjo
Newton pai nega que a mudança de Jucá tenha relação com a denúncia contra Temer na Câmara. Mas, admitiu o apoio em peso dos deputados do PMDB-MG ao presidente. Segundo o ex-governador, mesmo insatisfeita com Temer (“ele esqueceu Minas”), a bancada terá que votar a favor do presidente se o partido fechar questão sobre isso. E ninguém duvida de que a cúpula peemedebista, sob a batuta de Jucá, irá fechar questão sobre o voto. E fará isso “em agosto”, segundo Newton.
Lado próprio
O novo PMDB que sairá das eleições internas não será aecista, na avaliação do ex-governador. “Não tem acordo do Temer com o Aécio”, disse ele, acrescentando que o senador tucano não tem como acertar nada para 2018 porque “vai estar preso” até lá. Mas, por outro lado, segundo Newton, o partido também não ficará com o PT nem dará aval à chapa de Pimentel com Adalclever. O novo curso do PMDB-MG seria a candidatura própria.
Apoio de base
Ainda ontem, por coincidência, outro peemedebista mineiro, o deputado Isauro Calais, ligou para a coluna e fez comentários que completam as palavras do ex-governador. O deputado defendeu a consulta aos diretórios municipais para definir o rumo do partido em 2018. Nas contas de Newton, o candidato próprio é desejo de “100%” das bases peemedebistas.
Tudo certo
Para Aécio Neves e para a oposição mineira, a eventual retirada do PMDB do governo Pimentel para lançar candidato próprio, em vez de apoiar um nome tucano, não seria o ideal, mas também não seria uma saída ruim. Com certeza, seria melhor do que o PMDB continuar apoiando o PT. Já Michel Temer vai confirmando sua astúcia política e ameando votos por todo lado.
Itambé gringa
A empresa nasce mineira, vira brasileira e depois estrangeira. A trajetória cada vez mais comum está para se repetir com a Itambé. A maior indústria leiteira de Minas já tinha passado ao controle da Vigor, uma das empresas da família Batista. Com os problemas no grupo após a delação de Joesley Batista, a família busca fazer caixa com venda de ativos, incluindo a Vigor/Itambé. E agora a marca mineira de laticínios caminha para mãos internacionais: todos os potenciais compradores até agora são de fora.
Agora sai
No retorno dos trabalhos legislativos em agosto, o Congresso vai ter que se debruçar sobre as regras para as eleições em 2018. E tomar alguma decisão entre as muitas propostas em discussão. O tempo urge: qualquer mudança tem ser aprovada até 2 de outubro para valer no próximo pleito. Mas não se espera uma reforma digna do nome. O que vem aí é mais um remendão. Oxalá venha para melhorar em vez de piorar o sistema eleitoral.
Milenar Pedrosa, Tito Simões e Ana Beatriz Barroso.
Sinal de paz
O PSB de Belo Horizonte caminha para sua convenção com duas chapas inscritas: uma ligada ao deputado Júlio Delgado e outra independente. Mas o clima no partido está propício a um entendimento e não à disputa. Pode sair um acordo.