Urnas marcadas
Faça sol ou chuva, o placar do 2º turno em BH já está marcado: vai dar em primeiríssimo lugar o não-voto, com a soma das abstenções e dos votos nulos/brancos superando a votação individual dos dois candidatos. Esse resultado se mostra inevitável com o aumento da ausência nas urnas no dia 30, desidratando os índices de votos válidos de João e Kalil.
Desmobilização
O recorde de abstenções no 2º turno está garantido pelo calendário. Por acaso, a eleição vai cair no meio de um feriado prolongado do tamanho de um Carnaval: a folga esticada começa na sexta-feira anterior ao pleito, 28/10, Dia do Servidor, e termina na terça-feira, 2, Dia dos Finados, com o enforcamento da segunda em todas as repartições públicas. O que vai acontecer nós sabemos: uma corrida dos eleitores para justificar ausência às urnas em postos eleitorais nas praias e destinos de passeio ou descanso.
Desastre anunciado
No 1º turno, o não-voto já ‘venceu’ no Rio, São Paulo e outras cidades. Agora, a tendência deve se acentuar com mais prefeitos escolhidos por uma minoria – cerca de 1/3 dos cidadãos. Legalmente, tudo bem. Politicamente, um desastre: os eleitos vão assumir prefeituras falidas, em meio a uma crise sem precedentes, com legitimidade frágil e baixo apoio popular.
Casca grossa
O clima na cúpula da campanha tucana é de cautela e preocupação, apesar do tom ufanista de coordenadores e aliados. Um dos problemas da equipe de João é quebrar a surpreendente resiliência do adversário: Kalil parece envolto por uma couraça, resistindo a todo tipo de ataque, até os pessoais.
Telhado de vidro
Para complicar o marketing do PSDB, a dinâmica da campanha de 2º turno vai acabar expondo o telhado do candidato tucano. E ele tem partes de vidro. João passou incólume pelo 1º turno, em meio a 11 candidatos, vários deles seguidores do líder tucano Aécio Neves. Agora, no confronto direto, João vai encarar críticas do outro lado e terá que responder a questões difíceis como a participação do PSDB nos oito anos de governo Lacerda.
Tendência
As pesquisas de monitoramento por telefone (trackings) vêm confirmando o encurtamento da distância entre os candidatos à PBH. Em levantamentos nos últimos dias, a diferença entre João e Kalil baixou a 5%, inferior aos 7% registrados no novo Datafolha, divulgado nesta quarta-feira.
Mandou bem
O presidente da Câmara de BH, Wellington Magalhães, fez uma festa nas urnas. Além de se reeleger com a 3ª maior votação entre os candidatos, ele conseguiu eleger quatro comandados: três pelo PTN e um pelo PSDC. Os novos vereadores da bancadinha pessoal de Wellington vão reforçar a maioria que ele vem articulando na casa para garantir o segundo mandato na presidência. Pelas contas de Wagner Preto, líder do governo e vereador há 20 anos, Wellington teria hoje 27 votos para continuar no cargo.
Coautoria
O placar de aprovação da PEC do Teto na Câmara Federal (366 votos) foi quase idêntico ao do impeachment (367). Faz todo sentido: os deputados que derrubaram Dilma não têm como negar apoio ao governo substituto, por cujo sucesso ou fracasso são tão responsáveis quanto Temer.
Prova de fogo
O segundo turno na TV começa hoje com um total de 40 minutos de propaganda diária para cada candidato, sendo cinco de programa e 35 de inserções. Haja conteúdo para tanta falação. Essa superexposição vai colocar à prova a densidade e coerência das propostas.
A equipe dos projetos voluntários do Servas-MG dá as caras: Rosângela Leite, Paulo Datas, Priscila Mendes, Fernanda Guedes e Helena Martins