Volto a Belo Horizonte para rever poucos, mas bons, amigos que aqui deixei e para começar de novo a fazer algo que fazia com constância do fim dos anos 70 em diante: vou debater os rumos (ou a falta de rumo?!) da política brasileira. A mesma sensação de sempre: frio na boca do estômago, medo de me perder nas ideias que quero expor... Como uma principiante, agora que lá se vão mais de cinco anos que não falo em público. Mas não posso deixar de cumprir esse itinerário.
A crise está batendo em muitas portas. Nos lugares a que vou, consigo perceber o que as pesquisas de opinião já vão revelando. Há poucos meses de sua reeleição, Dilma é contestada hoje, e às vezes com uma malcontida raiva, até mesmo por pessoas que nela votaram no segundo turno do ano passado. A maioria se queixa de ter sido enganada, porque a candidata – que antes negava tudo quanto dizia seu adversário de segundo turno – agora pratica o que ele anunciava que iria fazer. Afinal, no meu caso, como alguns vão se lembrar, acabei me tornando vítima de manipulações em redes sociais quando deturparam o que eu de fato anunciara por escrito e me culparam de chamar de “idiotas” os que votavam na candidata do PT.
Vou agora expor o que penso da atualidade e o que me parece que precisa começar a ser feito por todos. Reunir e discutir abertamente, cada um com suas convicções, um caminho de construção de outra realidade.
Até que enfim, encontrei alguém que organizou as intuições desorganizadas em minha cabeça: trata-se de um colaborador do Centro Internacional Celso Furtado de Políticas para o Desenvolvimento, Luiz Filgueiras, em texto-síntese publicado na revista “Margem Esquerda”, 23, da Editora Boitempo. Nessa revista, encontro também ensaio de Marcio Pochmann, “Caminho próprio”, sobre os rumos que a classe trabalhadora brasileira deve tomar.
Baseada neles, vou apontar no texto constitucional de 1988 e nas emendas a ele apostas sucessivamente ao longo dos anos a tradução jurídica que demonstra que, de fato, como quer Filgueiras, os governos do PT apenas deram continuidade por outros meios e circunstâncias ao que já vinha sendo implementado em nosso país desde o governo Collor.
Assustadoras são as conclusões desse estudioso: o PT aplica políticas que ele renega no discurso público. Daí o aprofundamento do fosso social, que vai se tornando cada dia maior entre as elites políticas, econômicas e sociais e o que demandam as amplas massas.
Vou tentar mostrar que nossa saída passa pelo reconhecimento da verdade subjacente às práticas governamentais e por uma guinada que possa nos conduzir a um novo patamar de participação no desenvolvimento por parte, também, das classes médias – que precisam ser incorporadas ao processo de tomada de decisões, e não ser marginalizadas como, infelizmente, fez, no ano passado, a filósofa Marilena Chauí.
Posso ser mesmo uma rematada sonhadora. Mas acho que vai valer a pena.
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Começar de novo: vai valer a pena!
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