Dizem que recordar é viver, e não deixa de ser. Caxambu, cidade hospitaleira e estância hidromineral conhecida por suas águas medicinais, gasosas nas fontes e não gaseificadas como todas as outras, e Uberaba (onde eu fui agraciado com o título de cidadão honorário), por ser sede mundial da Associação Brasileira dos Criadores de Zebu (ABCZ), onde se faz o registro genealógico do gado zebuíno, são as duas cidades mineiras mais conhecidas no exterior.
Eu era deputado majoritário em Caxambu e me hospedava sempre no famoso Grande Hotel, da família Figueiredo. Num jantar em que eu era o homenageado, aparece, para minha surpresa, o cantor Ivon Cury, um caxambuense de coração e naturalidade, hoje, de saudosa memória. E cantou uma música que eu conhecia e que, depois daquele show, nunca mais saiu da minha cabeça. Um forró forrado, talvez porque o forró seja o “pau que gira” nos meus lados no Norte mineiro.
Saudade daquele tempo e de Ivon, cantando seu ritmo chorado e marcante: “Todo mundo brincando o forró animado/ quando o cabra armado entra com o Zé Minhoca / na casa de Nóca baixando o cajado/ E o pau comeu, comeu, na casa de Nóca o pau comeu...” Bom demais.
Sou um saudosista desesperado, teimoso por gostar de minhas raízes, de viver o passado, e um medroso por temer o futuro. Meu futuro e o dos outros, por causa, do jeito que as coisas andam nesse outrora nosso Brasil, e, outrora porque, além de tudo, agora, tem a Fifa e os escândalos na Petrobras.
Não sou profeta de desgraça, mas que mais dia menos dia o pau vai comer, vai. Se essa porcaria de governo, pau mandado de mensaleiros, conseguir o que persegue, a desconstitucionalização do país e a desmilitarização das polícias, processos que estão em marcha, não tenham dúvidas, o pau vai comer.
Ando cheio desse desgoverno, cansado dessa descriminação de tudo, dessa inversão de valores, dessa desonestidade, dos ladrões grã-finos, dessas tais ONGs.
Entendam essa política de cotas ao contrário, invertendo o raciocínio: por que só 30% para negros e 70% para os brancos? Por que não 100% para todos, se todos são iguais perante a lei? Desconstitucionalização está em mudar a lei ou mesmo a Constituição sem derrogação de legislação vigente.
Procede-se como se quer, faz-se como se deseja, assim como querem desconhecer a Lei Federal 7.210 e o parágrafo que obriga a prisão em regime fechado por, no mínimo 1/6 da pena, por jurisprudência própria do STJ, que há algum tempo resolveu proceder assim.
Mas o Supremo é obrigado a seguir essa jurisprudência? Quem é o intérprete da Constituição? E para que serve o desarmamento das polícias militares? Para que os comandos nos Estados passem a ser do ou da presidente, e os militares serão apenas vigias e conselheiros dos desatinados. Tomara que eu esteja certo e vá ouvir, não em sonhos, mas na real, o “pau comendo na casa de Nóca”. E não será o fim de nada, mas o princípio de tudo.
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