Quem conhece bem o interior, quem nasceu e viveu no sertão, quem veio a conhecer a luz elétrica depois dos 10 anos, quem chegou a pensar que elevador era um quartinho de fazer “masgas”, de sumir ou aparecer gente tem um sentido muito mais apurado para as coisas da vida que aqueles que nasceram nas cidades iluminadas, de ruas calçadas, que chamam as zonas boêmias ou “coreias” de “bas-fonds”...
Só quando cheguei, aos 9 anos, ao internato do Instituto Padre Machado, foi que as coisas começaram a ser mais bem entendidas. Hoje, sei que não vou para o inferno, já que ele pode ser aqui mesmo, e também sei que não mereço o céu – não sou nenhuma Madre Teresa de Calcutá, reconheço. Devo ficar nesse “entremeio”, como a maioria de nós que sabe simplesmente que “pra quem é bacalhau basta”, né?
E o que tem a ver tudo isso, que pode ser fruto de um momento saudosista, com qualquer assunto compatível com a importância deste espaço? Talvez nada, talvez tudo. Os acontecimentos e fatos que tenho comentado nesta coluna não são capazes de deixar qualquer pessoa, de qualquer “status”, temerosa com a situação nacional, como se tivesse embarcado em um avião pilotado por um comandante que ficasse cego durante o voo?
Pois é, eleição é como um voo cego... E agora? Importa saber se a cegueira do piloto aconteceu antes ou depois da decolagem? Nós todos estamos neste avião chamado Brasil. O custo de vida está pela hora da morte, os governos “microcefálicos” ameaçando parcelar, atrasar ou não pagar vencimentos a quem os tenha. Enquanto vacas estranham bezerros, a OAB faz acordo com a CNBB para fiscalizar ladrões de eleições. Mas CNBB? É... O Estado não é laico? Dizem que é... Mas, no Brasil de hoje, o que é redondo também pode ser quadrado, e tudo ao mesmo tempo... O que terá acontecido para, de um dia para o outro, a situação do país-maravilha ter virado esta droga que aí está? Qualquer laboratório faria a análise desse material malcheiroso: idiotas posando de líderes e picaretas legislando em troca de milionárias prestações.
Nosso Estado é composto de 853 municípios, dos quais não mais que 180 têm ou poderão ter vida própria. Os outros 673 vivem ou sobrevivem do FPM – Fundo de Participação dos Municípios –, que é formado da soma do Imposto de Renda e proventos de qualquer natureza com o Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI, menos incentivos fiscais: Fundo de Investimento da Amazônia – Finam, Fundo de Investimento do Nordeste – Finor, Fundo de Recuperação do Espírito Santo – Funres, incentivos setoriais praticados por isenções do IPI, como, por exemplo, a isenção para a indústria automobilística, que fez verdadeiro rombo no FPM e foi um dos motivos da quebradeira de Estados e municípios.
Sim, mas isso foi feito assim, pros cocos? Foi e não foi... O consumismo desenfreado iludiu o povo, e o governo venceu as eleições. Sei... e o povo? Uai, o povo sifu, é claro...
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