No último fim de semana, a cidade de Curvelo, a 150 km da capital, recebeu a sexta etapa da Stock Car, a principal categoria do automobilismo brasileiro. A convite do Grupo Segurador Banco do Brasil e Mapfre, acompanhei as duas baterias de prova e conheci o Circuito dos Cristais, um audacioso empreendimento que vai além de retas e curvas. Inaugurado no ano passado, o complexo segue o conceito de condomínio-autódromo, o primeiro da América Latina.
O empreendimento, que ocupa uma área de 4 milhões de m², não tem qualquer recurso público e é tocado pela TecRacing Parques, do empresário Marco Túlio Ferreira dos Santos, apaixonado por velocidade. “Infelizmente, autódromo no Brasil não é valorizado e requer um esforço hercúleo para se manter. É comum os projetos não saírem do papel ou pararem no meio do caminho”, ele conta. No Circuito dos Cristais, no entanto, tem sido diferente. Já foram aportados R$ 35 milhões na iniciativa, que tem previsão de investimento de outros R$ 20 milhões.
Contas. Grande parte do valor para a construção do complexo foi auferida com vendas de títulos do Clube Casa de Pista, vinculado ao autódromo, organizado na forma de condomínio para que famílias possam passar o fim de semana ou, até mesmo, morar. O empreendimento está com metade de seu projeto executada, com previsão de entrega em novembro deste ano. Considerando-se o desejo da TecRacing e dependendo das condições, a intenção é investir mais R$ 50 milhões.
Localização. Minas Gerais é considerada um Estado formador de pilotos em diversas modalidade on-road e off-road, mesmo ainda sem um autódromo. Curvelo, uma cidade de 90 mil habitantes, está localizada no eixo de cinco rodovias e atratividades turísticas, de grutas a romarias e evento de forró. Localizada em meio ao Cerrado brasileiro, com temperatura elevada e de pouca chuva, a cidade proporcionou ao complexo um relevo adequado para a implantação da pista e demais empreendimentos.
Eventos. O autódromo, que adota as normas da Federação Internacional de Motociclismo (FIM) e da Federação Internacional de Automobilismo (FIA), foi inaugurado em 2016 e também recebe provas de Fórmula Vee, Classic Cup, Brasileiro de Turismo, Petrobras de Marcas, Mercedes Challenger, Copa Truck, GP Gerais de Motovelocidade, SuperBike, Mineiro de Cross Country, Brasileiro de Motocross, Enduro da Independência, Caminho dos Cristais (ciclismo).
Popularidade. A Stock Car é uma modalidade de automobilismo criada no Brasil em 1979, que se popularizou no país nos últimos anos, principalmente depois da parceira com a TV Globo e o SporTV. A categoria tem atraído os principais pilotos brasileiros, com carros patrocinados e plotados com as cores de grandes marcas. Depois de deixar a Fórmula 1, em 2011, Rubens Barrichello preferiu a Stock Car à Fórmula Indy, sendo campeão da categoria em 2014.
Interação. Na prova do último fim de semana – a segunda vez da Stock Car em Curvelo –, centenas de torcedores foram ao autódromo para acompanhar as duas baterias (o público total não foi divulgado pelos organizadores). Um dos momentos mais aguardados pelos fãs é a visitação aos boxes, quando os pilotos recebem os torcedores para fotos, autógrafos e distribuição de brindes, como bonés e squeezes. Barrichello foi o mais requisitado.
Negócios. A Stock Car virou, sem dúvida, uma grande oportunidade de negócios. Segundo os organizadores, as etapas recebem, em média, 30 mil pessoas por fim de semana. Além da visitação aos boxes, as ações de marketing incluem degustações e divulgação de produtos nos estandes dos patrocinadores. De acordo com a organização, esse relacionamento de marketing com o público dá um retorno de mídia de R$ 2 milhões por etapa.