Na última terça-feira, o encontro entre Brasil e Chile, pelas Eliminatórias, no Allianz Parque, superou o recorde da final da Libertadores de 2013, entre Atlético e Olimpia, tornando-se a partida de maior renda da história do futebol brasileiro. A arrecadação bruta em São Paulo foi de exatos R$ 15.118.391,02, quase R$ 1 milhão a mais do que o registrado no Mineirão: R$ 14.176.146.
Tão logo postei a informação em minha conta no Twitter, fui alertado por alguns torcedores para um exercício interessante: quanto daria se fizéssemos a correção dos valores de quatro anos para os dias de hoje? Bem, embora alguns seguidores já tenham feito as contas para mim, como Danilo Campos (@camposdanilo1) e Geraldo Machado (@GeraldoMachadoJ), pedi ajuda a meu irmão Matheus Nogueira, administrador de empresas, para chegar aos valores corrigidos. A inflação acumulada do período, entre agosto de 2013 e outubro de 2017, foi de 27,77%, o que dá uma renda projetada da finalíssima de R$ 18.112.861,74, ou seja, maior do que a do Brasil.
Públicos
O jogo do Mineirão teve um público pagante de 56.557 torcedores, mais de 15 mil a mais do que o registrado no estádio do Palmeiras, que foi de 41.008 expectadores. Com isso, o ticket médio da partida das Eliminatórias foi R$ 368, bem maior do que os R$ 250 da Libertadores de 2013. Claro que os tempos são outros, o apelo de um jogo foi diferente do outro, mas a arrecadação no Allianz Parque pode ser considerada tão monstruosa quanto surpreendente neste momento.
Comparações
Embora Brasil x Chile detenha agora o recorde de maior renda do país e, consequentemente, da seleção, o maior público brasileiro nas Eliminatórias foi o do Mineirão, contra a Argentina, no ano passado. Na ocasião, 53.490 pessoas pagaram para acompanhar o jogo. O recorde de pagantes do estádio ainda é de Brasil e Alemanha: 58.141. Cruzeiro e Flamengo, na final da Copa do Brasil, teve 61.017, recorde de presentes, mas o número de pagantes foi de 56.467.
Fatiamentos
Dos R$ 14,1 milhões da renda bruta da final da Libertadores, o Atlético só levou metade disso: R$ 7,2 milhões. O consórcio Minas Arena teve lucro de R$ 2,75 milhões. Em Brasil e Chile, a CBF embolsou R$ 12,4 milhões líquidos dos R$ 15,2 milhões brutos, segundo Rodrigo Capelo, da “Revista Época”. A Federação Paulista de Futebol (FPF) recebeu R$ 756 mil (5% da renda bruta); a WTorre, operadora do Allianz Parque, levou R$ 726 mil; e o Palmeiras, dono do estádio, R$ 181 mil.
Recessão
De 2013 para cá, a economia brasileira passou pela maior recessão de sua história. E a alta do dólar é reflexo disso. No dia 24 de julho de 2013, data da final da Libertadores, a moeda americana valia R$ 2,23. Convertendo a renda bruta da partida, a decisão arrecadou US$ 6,3 milhões. A comparação com Brasil x Chile mostra a depreciação do real. Como base na cotação de anteontem (US$ 1 = R$ 3,16), a renda das Eliminatórias seria de US$ 4,4 milhões.
Palavra
Colocar dinheiro na poupança é considerado o pior investimento, segundo economistas. De toda forma, se os R$ 14,1 milhões brutos da final da Libertadores tivessem sido depositados na caderneta e, considerando o rendimento acumulado de 35,46% no período, a bolada estaria hoje na casa dos R$ 19,2 milhões. Nada mal, hein? Mas, certamente, essa não foi a opção do Atlético, que preferiu aplicar o dinheiro na montagem e na manutenção da equipe.