Confesso que estava escrevendo sobre outro tema, entretanto, com o falecimento do grande “mestre” – era assim que ele se referia aos seus entrevistados – e jornalista Artur Almeida, da Rede Globo Minas, me senti na obrigação de abordar sobre o assunto. Pessoa ímpar, que representava a categoria jornalística com muita classe. Tinha toda uma vida pela frente e nos deixou de forma tão inesperada. Ah, que dor! Chorei e choro junto com a família e amigos.
Luto, do latim “lucto”, é um sentimento profundo de tristeza e pesar pela morte de alguém. O luto é caracterizado por um período de consternação e saudade pela perda de um ente querido. Eu não tinha uma relação de proximidade com o Artur, muito menos com seus familiares. No entanto, durante as entrevistas de que participei na Globo, fui me encantando com o profissional e a pessoa que ele representava. É triste! Fica um profundo vazio, difícil de preencher. Como lidar com isso?
A morte é a única certeza de nossas vidas, certeza esta que vem da constatação da finitude da vida. Na cultura ocidental, a ideia de morte vem acompanhada de grande pesar, medos e angústias, aspectos estes que, muitas vezes, nos dificultam encará-la como um processo natural da condição humana.
Ao perdermos uma pessoa querida, por exemplo, além da angústia e tristeza que a saudade nos impõe, também nos sentimos ameaçados frente à nossa própria morte, dado que tal situação nos aproxima da condição humana de vulnerabilidade e que, fatalmente, nos atingirá um dia.
Quando se perde alguém violentamente, de modo repentino ou inesperado, quem fica permanece no “limbo” por um tempo indeterminado. É comum que pessoas em processo de luto por uma morte abrupta serem tomadas por um estado de catatonia, que passam a agir no “piloto-automático”, sem domínio de suas ações. Uma parte continua vivendo, pois entende ser necessário, mas a outra não está lá.
No luto, passamos por algumas fases, sendo que a depressão é o estágio anterior à aceitação. O problema no estágio de depressão está em sua duração e no tempo de permanência. A depressão é a maior ladra da vida e por isso deve ser tratada quando o tempo for superior a seis meses e a intensidade passa a tirar o enlutado das atividades do dia a dia como trabalho, convívio familiar e social, dos cuidados com a saúde etc.
Por fim, vem a aceitação, processo que nos torna capazes de ver, tocar, falar sobre a morte e, ao mesmo tempo, deixá-la ir para onde tiver que ir, longe de nossos domínios, de nosso controle racional. Deixar ir não significa esquecer, tampouco não sofrer nunca mais. Deixar ir é fazer as pazes com o tempo, com novas chances para quem ficou com a única certeza de que absolutamente tudo na vida passa.
Particularmente, penso que o luto é como um furo na parede feito por um prego. Podemos até passar uma massa corrida no local, mas o furo continua lá. A saudade não morre, ela é eterna. Meus sinceros sentimentos à esposa e às filhas. Faça uma boa semana.
Deixar ir não significa esquecer, tampouco não sofrer nunca mais. Deixar ir é fazer as pazes com o tempo, com novas chances para quem ficou