Vou arriscar. O ano de 2015 foi regido por Shiva, o aspecto da Tríade hinduísta que tem em Brahma, o criador de tudo, a inteligência suprema, a mente cósmica, a emanação; em Vishnu, a força mantenedora, o dharma, o dever de fazer o que é certo e correto; em Shiva, a força destruidora, não daquilo que é ainda necessário, mas do que se esgotou, que enfaixa uma situação. Shiva destrói a casca do egoísmo e permite a libertação da consciência.
No ano que se finda Shiva deu golpes certeiros em quem se acreditava ao reparo das atenções divinas. Colocou em crise quem adota qualquer método para atingir seus fins. Para alguns intocáveis fez ruir a ilusão da impunidade. Rachou alicerces que pareciam eternos.
Se nas dificuldades existe uma importante lição, chegou para muitas pessoas a hora de apreender e, para outras, compreender o que não sabiam.
Embora ser rico ou ser pobre sejam coisas que nos acontecem, saber ser rico ou ser pobre é algo que nós produzimos por dentro. O que nos faz felizes não é essencialmente aquilo que temos, mas sim o que nós somos.
Ser rico não é pecado, e ser pobre não é virtude. O pecado é não saber ser rico ou ser pobre, pois os dois aspectos têm aspectos positivos, virtudes e defeitos.
O que não pode acontecer é ser egoísta, figura antidivina, e, por isso, não conseguir compreender o que é sublime sem adquirir “pureza de coração”, aprofundados no nível mais cruel da vida.
Existe uma lei cósmica infalível que gera o enriquecimento do homem que em si mantém uma atitude doadora, que está sempre disposto a dar do que tem e a dar o que é. Isto é, ajudar os semelhantes com o que possui e com aquilo que ele “é”. Não basta “fazer o bem” dando coisas – é necessário também “ser bom”, dando a própria capacidade e exemplo.
Os cálculos mesquinhos podem lograr êxito por algum tempo, mas certamente sucumbirão a sua inconsistência crônica.
Quem sabe que é embaixador de Deus aqui, na Terra, e em outros mundos trabalha por amor a sua grande missão. E é por isso que ele trabalha com alegria procurando a perfeição, tanto nas coisas grandes como nas coisas pequenas.
Não subestima os detalhes, não trabalha para ter público que o aplauda. Receia os louvores e não se deprime com as censuras. Consegue aceitar com razoável indiferença as homenagens e as vaias, porque se libertou das escravidões do homem raso e se revestiu da luminosidade do homem que pratica a Verdade.
Podemos prever – e não há por que imaginar que de repente tudo cesse – que 2016 será um ano predominantemente dedicado aos acertos de Shiva. Um ano fundamentalmente útil para apreender novas e melhores formas de convivermos.
Precisamos agradecer a cada dia não só os amigos que nos confortaram, mas nossos adversários que nos estimularam a vigiar constantemente, a sermos mais compreensivos e compassivos.
Na vida tudo tem sentido e utilidade.
Desejo, assim, que “você” tenha a força para desempenhar seu papel em plenitude – festejando as 365 vezes em que o sol nascerá em 2016, permitindo-lhe corrigir-se e ampliar suas virtudes.
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