Os teólogos do antigo cristianismo, ao criarem as suas doutrinas teológicas, sofreram muito. E, quando instituíram a Santíssima Trindade, foi a criação do Espírito Santo da Terceira Pessoa da Santíssima Trindade que mais lhes causou problemas, pois eram muitas as opiniões a favor e contra esse dogma decretado pelo primeiro Concílio Ecumênico de Constantinopla, em 381.
Os textos originais do Novo Testamento da Bíblia eram escritos em grego. E como a maioria dos leitores desta coluna, em O TEMPO, sabe, em grego não existe o artigo indefinido. Isso trouxe uma grande confusão para os autores e tradutores do Novo Testamento, com a agravante de, no latim, não existirem nem o definido, nem o indefinido! E assim, a Vulgata Latina, contribuiu também muito para essa confusão.
Exemplo. Façamos de conta que um tal de Antônio é nosso conhecido e dizemos: “O” espírito santo do Antônio me inspirou; santo, porque tudo o que Deus cria é santo. Observe-se que o artigo é definido, pois define que é santo “o” espírito do Antônio. Mas, se dissermos “um” espírito santo me inspirou, trata-se de “um” espírito de alguém, não, pois, com o artigo definido “o”, mas o indefinido “um”. E vejamos o que diz o apóstolo Paulo (1 Coríntios 6: 19): “Acaso não sabeis vós que o vosso corpo é templo de ‘um’ espírito santo (alma santa)?” Como em grego não existe o artigo indefinido “um”, então ele não aparece nessa língua. Mas, pelo sentido do texto, ele deve ser empregado nas traduções para as línguas que o têm. Portanto, ele deve constar das traduções para o português, ficando assim essa passagem: “um” espírito santo, e não “o” Espírito Santo. Mas, depois da criação do dogma da Terceira Pessoa Trinitária, os tradutores passaram a usar em português e outras línguas só o artigo definido “o”, e com as iniciais maiúsculas de “espírito santo”: “o Espírito Santo”, quando nos primeiros textos gregos, esse artigo definido não é usado diante de “espírito santo”, pelo que se deve usar o indefinido “um” em português e outras línguas que o possuem. Recomendamos aos que sabem grego e têm a Bíblia nessa língua que confirmem esse importante assunto. São Jerônimo sabia disso. E, honestamente, na sua Vulgata Latina, usa “um” espírito “bom”, em vez de “um” espírito “santo”. Alguns autores e tradutores bíblicos, por dúvida ou mesmo honestidade, colocam o artigo definido grego “tò” (o) entre parênteses diante “de o” (do) Espírito Santo, quando esse artigo está duvidoso no texto. E um exemplo disso, entre muitos, encontramos em 1 Coríntios 12: 3. Mas, mais tarde, por obediência ao dogma, os tradutores, definitivamente, passaram a empregá-lo. E isso é um grande erro do cristianismo!
PS: De 15 a 26.7.2019, viagem à Terra Santa com estudo da doutrina espírita e orientação do cineasta – diretor do filme “Nos Passos do Mestre” – André Marouço nas visitas aos locais marcantes para Jesus. Contato: www.rwturismo.com.br