BATIDAS RÍTMICAS DE NANÁ
Ele já foi considerado o maior percussionista do mundo pela revista norte-americana “Down Beat” e já recebeu oito prêmios Grammy. É só pegar o seu famoso berimbau, seus tambores e seus chocalhos, que as sonoridades extraídas desses instrumentos ganham uma inegável força. Nascido em Recife, sua maior ferramenta musical sempre foi a intuição (como ele próprio define).
Tudo é muito sensorial naquilo que o multi-instrumentista e percussionista Naná Vasconcelos faz. E quem quiser ter uma mostra do talento desse pernambucano de fala doce e mansa, poderá vê-lo neste domingo (31), a partir das 15h, nos jardins principais do Centro de Arte Contemporânea Inhotim, em Brumadinho, região metropolitana de Belo Horizonte.
Na ocasião, Naná dividirá o palco com o também multi-instrumentista Lui Coimbra, e o show promete embalar o público com densas e interessantes sonoridades percussivas.
“Nunca fiz na vida outra coisa que não fosse música e só sei falar disso, brinca Naná que, na véspera dessa apresentação – que faz parte do projeto Inhotim em Cena 2014 –, dará também um workshop para a comunidade quilombola de Marinhos, distrito de Brumadinho.
Na oficina de percussão, Naná explora o senso de grupo e a concentração. Tudo começa com os participantes marcando o ritmo com os pés. Após esse primeiro momento, as pessoas são estimuladas para criarem efeitos sonoros com o uso das mãos e, finalmente, a voz é usada. “A experiência musical dessa oficina de percussão é o entendimento dos ritmos através do corpo. É para despertar a criatividade e a conscientização”, explica o percussionista.
Ainda segundo Naná, a oficina oferecerá infinitas possibilidades aos participantes. “Hoje, me interessa trabalhar com música nesse formato de pequenos grupos de estudo. A ideia é que todos os ritmos se comuniquem. Ao longo dos estudos, as pessoas percebem que são capazes e, naturalmente, expressões, movimentos e sons que a própria pessoa desconhecia em si mesma, surgem”, destaca Naná.
Projetos
O percussionista continua com a divulgação de seu novo álbum, “4 Elementos”, que traz solos riquíssimos de seu principal instrumento, o berimbau. Além disso, Naná segue com seus projetos de concertos e workshops pelo Brasil e exterior. No próximo mês ele embarca para Israel, onde terá dois concertos em Tel Aviv e Jerusalém.
MAIS UM MACALÉ E MAUTNER
A amizade já dura 45 anos. Há mais de 30, o show JM&JM reúne os amigos Jards Macalé e Jorge Mautner e, em três atos – um só de Jards, outro só de Mautner e o terceiro juntos –, sucessos de todas as épocas dos “malditos” dividem espaços com “breves anedotas, piadinhas e falatório aleatório”, como adiantou Mautner.
O público mineiro pode acompanhar a dobradinha na apresentação que acontece na próxima quinta (4), às 15h, no Inhotim. De acordo com Mautner, porta-voz da dupla, o show contém músicas suas como “Maracatu Atômico”, “Homem Bomba”, “Todo Errado”, e “Vampiro”. Juntos eles cantam “Vapor Barato”, “Planeta dos Macacos” e “Puntos Cardinales” – esta, de acordo com ele, foi inspirada numa fala de Fidel Castro sobre os pontos cardeais da revolução.
Macalé tem um repertório mais elástico e imprevisível, frequentemente perpassado por releituras de Noel Rosa. O que Mautner prevê, no entanto, é que será mais um bom show. “Minas é celeiro de poetas, o Inhotim é mitológico e o Macalé é desses artistas que têm visão de conjunto. Ele é produto da amálgama do Brasil, que tem a cultura mais original do planeta. Isso resplandesce na música dele (e na minha também). Nós temos esse aspecto sombrio, meio pop, meio teatral ao mesmo tempo”.
Próximas
os 73, Mautner continua inventivo e inquieto. Para outubro, ele planeja o lançamento de um disco duplo, chamado “Jesus de Nazaré, os Tambores do Candomblé e Nelson Jacobina Para Sempre”, em homenagem ao parceiro, falecido em 2012. O primeiro de um livro de dez volumes, com suas “memórias literalizadas”, deve sair na primeira metade de 2015. Talvez o título da série seja algo parecido com “Não Há Abismo em Que Caiba o Brasil”.
Os dois novos trabalhos, segundo ele, também têm a mesma pegada brasileira e inclassificável como sua discografia e literatura. “Eu quero continuar sendo o que sempre fui: essa mensagem de igualdade, liberdade, amor”, define.
Serviço:
Inhotim em Cena 2014
Show Naná Vasconcelos
Dia 31 de agosto(domingo), às 15h
R$ 30 (inteira) Crianças até cinco anos não pagam.
JM & JM
Com Jards Macalé e Jorge Mautner.
Quinta (4), às 15h.
R$ 30 (inteira) Crianças até cinco anos não pagam.
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