A música, claro, continua sendo um chamariz e tanto. Mas, nesta edição 2018, a quarta de sua história, o festival MecaInhotim amplia a fatia no bolo dedicada à sétima arte, com debates e exibições de longas e curtas de calibre. Na grade musical, o evento – que acontece no próximo fim de semana ( dias 29 a 1º), no Instituto Inhotim – programa shows de Elza Soares, Alice Caymmi, Rubel, Letrux, Baco Exu do Blues, Cordel do Fogo Encantado e Pabllo Vittar, para citar alguns. Uma programação educativa diurna com visita mediada ao museu também está prevista.
Com curadoria do ator Antonio Grassi, diretor-executivo do Inhotim, a mostra “Profissão: Artista” tem como cereja do bolo a exibição do longa “Beijo no Asfalto”, adaptação da obra de Nelson Rodrigues dirigida por Murilo Benício, com Débora Falabella, Lázaro Ramos e Fernanda Montenegro à frente do elenco.
Na verdade, o longa teve uma exibição no Festival Internacional de Cinema de São Paulo, ano passado, em avant-première, mas a estreia nacional está prevista para novembro. Recentemente, a fita passou pelo International Filmmaker Festival de Nova York, de onde saiu com as estatuetas de Melhor Filme e Prêmio Especial para Lázaro Ramos.
Ao Pampulha, Grassi lembrou que a mostra foi alinhavada dentro de uma linha curatorial cujo mote foi a profissão de artista, “pegando tanto filmes que tratam dos bastidores desse ofício quanto dirigidos por eles”. No caso de “Beijo no Asfalto”, a justificativa recai sobre o fato de ter um ator, Murilo Benício, se deslocando para a função de diretor. “Junto a ele também está um documentário (“Todos os Paulos do Mundo”) sobre um grande artista, que é o Paulo José, mostrando a sua trajetória”.
A programação também conta com “Divinas Divas”, de outra atriz que migrou para a batuta, Leandra Leal. “Ela, que praticamente nasceu no Teatro Rival, localizado na Cinelândia e de propriedade de sua mãe (a também atriz Angela Leal), faz, no filme, uma leitura dos espetáculos que eram criados lá por trans como a Rogéria, explorando tanto o lado artístico como questões de gênero que tanto estão em pauta hoje”.
O quarto filme da mostra é “Legalize Já”, que flagra a trajetória do Planet Hemp. “Junto à exibição deles, faremos duas mesas de discussão, no jardim do Inhotim, as quais vou mediar”, diz Grassi, citando a que reúne Débora Falabella e Amir Haddad (no sábado, 30) e a que junta Marcelo D2, Renato Góes e Johnny Araújo (domingo, 1º).
Empoderadas
Uma das atrações do recorte musical, Alice Caymmi conta que vai apresentar o show do CD “Alice”, lançado em janeiro, “e mais algumas músicas do disco anterior e minhas atuais referências”. Ela, que acaba de lançar em clipe o remix “Sozinha”, ao lado da atriz Cleo (ex-Pires), fala de seu momento atual. “Estou desenvolvendo colaborações com mulheres que, para mim, representam diferentes faces da feminilidade e sempre de forma transgressora. A Cleo é a primeira parceria e uma baita aliança. O que me move agora é a união e a força de trabalho das mulheres que me cercam”.
E por falar em poderio, Elza Soares chega a Minas na esteira do lançamento de “Deus é Mulher”, cujo primeiro single é “Banho”. O disco levanta bandeiras como o empoderamento feminino e de raça, que já se tornaram marcas na trajetória da cantora.
Pertencente a outra geração, mas já também ostentando a chancela de diva, Letrux, 36, é outra a soltar a voz no Meca. “Estou muito feliz. Não conheço Inhotim, estou muito curiosa, pois sei que é um lugar muito rico. Devo fazer o show completo (do disco “Letrux em Noite de Climão”), mas a gente sempre agrega uma gracinha a cada lugar. Eu amo Minas! Fizemos dois shows aí que foram super intensos, com ingressos esgotados”, brinda, citando o carinho do público, “que canta mais alto que a gente, é uma coisa doida! Fico muito feliz”.
Letrux, vale lembrar, acaba de lançar o clipe da faixa “Além de Cavalos”. “É um devaneio meu e da Tata Pierre, diretora. Amo o filme ‘A Noviça Rebelde’ – é de uma simplicidade, né? As cenas da Julie Andrews nas montanhas... Claro que a gente acrescenta um pouco de devaneio, de lisergia, de loucurinha. Achei que ficou muito bacana, e nunca me vi tão bonita”, ri. Letrux adianta que, até o fim do ano (“se os deuses quiserem”), quer ter um clipe para cada faixa do CD. “Acho o disco é muito imagético e conta muito dessa persona, a Letrux. Então, vai rolar”, brinda.
MecaInhotim
Instituto Inhotim. De 29/6 a 1º/7). Ingressos a partir de R$ 180 a inteira. Confira a programação: meca.love/festivais-mecainhotim2018