A lembrança de uma amiga que não pôde se despedir e o amor imenso e cansativo de um artista plástico por sua esposa doente são algumas das histórias reais que atravessaram os sete anos de existência da Cia Afeta. Com a premissa de “afetar e ser afetada pelo outro” por meio de suas criações, a tríade que integra a companhia teatral mineira revisita, entre agosto e setembro, todo o trajeto percorrido até este aniversário em uma mostra especial, dedicada não apenas a seu repertório, mas também à realização de conversas sobre o fazer teatral.
A mostra “Afeta entre Fronteiras” acontece entre os dias 18 de agosto e 3 de setembro e passeia por três diferentes espaços da cidade: os tradicionais Galpão Cine Horto e Teatro 171, além do novo Lume 7. Para norteá-la, os integrantes da Afeta – Beatriz França, Ludmilla Ramalho e Nando Motta –, dividiram as semanas da mostra em três eixos-temáticos: “Autobiografia e Performatividade” (na qual acontecem apresentações do espetáculo da companhia “Talvez Eu me Despeça”, e da peça convidada “Conversas com Meu Pai”), “Linguagens em Trânsito” (com três apresentações de “180 Dias de Inverno”) e “Dramaturgias em Processo” (quando a companhia abre o processo de criação de seu novo espetáculo, “Orlando”, para o público).
A separação das semanas por eixos traz à baila os métodos de criação e de pesquisa da companhia. “Tradicionalmente, se faz uma mostra de repertório, mas a gente pensou diferente. A mostra traz o que fez parte da nossa vida e cada semana é uma fase de investigação nossa. Não é pra mostrar apenas o que a gente fez, mas como nós fizemos”, explica o ator e diretor Nando Motta. Para compor as conversas e debates, foram convidados artistas como Fernanda Lippi e Barulhista.
Entre fronteiras
Transitando por diversas linguagens para criar seus trabalhos, a Cia Afeta não faz apenas teatro ou performance. Foi este lugar entre um e outro que motivou a escolha do nome da mostra.
“A fronteira a gente entende como esse lugar que divide as possibilidades artísticas, e o ‘entre’ é o lugar do risco. Um território não necessariamente conhecido, mas um lugar de encontro entre identidades artísticas, o lugar onde acontece a criação”, explica a atriz Beatriz França.
Orlando
No próximo ano, a Cia Afeta rompe um hiato de dois anos sem a criação de um novo espetáculo e apresenta “Orlando”. Ainda em processo de criação, o solo de Ludmilla Ramalho tem direção de Diego Bagagal e é uma coprodução da Afeta com a Madame Teatro. Inspirado na obra “Orlando – uma Biografia”, de Virginia Woolf, o espetáculo será levado ao público durante a mostra “Afeta Entre Fronteiras” para um “aberto de processo”, onde artistas e público podem dialogar, partilhar e refletir a produção.
“No decorrer das criações, nós sempre abrimos o processo. Acho que mostrar o ‘Orlando’ é, de certa forma, concluir um ciclo e começar outro”, conta Ludmilla Ramalho.
(*) Sob supervisão de Marilia Mendonça
Afeta entre Fronteiras
No Galpão Cine Horto (r. Pitangui, 3613, Horto); Teatro 171 (r. Capitão Bragança, 35, Santa Tereza) e Lume 7 (r. Capitão Bragança, 40, sala 7, Santa Tereza). De 18/8 a 3/9. Programação completa em facebook.com/ciaAfeta/
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