Forte nome da Bossa Nova mineira, o compositor Roberto Guimarães relembra o cenário da capital nos primórdios do movimento musical. "Belo Horizonte era uma cidade muito pacata. A turma se reunia na Savassi, no Santo Antônio, para tocar um violão. A gente já bebia da pré-bossa, tocando músicas de Tito Madi e Dick Farney. Na rádio, estava sempre ouvindo programas musicais do Rio de Janeiro. Aquelas orquestras da melhor qualidade. Era uma época dourada", diz o compositor, que não esquece o momento em que recebeu uma "pancada" na primeira vez que ouviu "Chega de Saudade". "Me lembro como se fosse hoje. Morava na avenida do Contorno e estava saindo de casa para encontrar a turma no Munhoz, um dos pontos de encontro da moçada. No rádio, que estava sempre ligado, escutei aqueles acordes. Foi um choque. É difícil de explicar aquele jeito de tocar e cantar. Costumo dizer que foi um soco na cara", relembra.
A sonoridade que passou por seus ouvidos naquela tarde mudou completamente o jeito de tocar e compor de Guimarães. "Tinha parentes no Rio e, passando férias lá, aprendi a fazer músicas com aquela harmonia", afirma ele, sem imaginar que o futuro lhe reservaria um momento especial. Já compondo no estilo bossa-novista, Guimarães relembra a ocasião em que conheceu João Gilberto. Mal sabia ele que aquele encontro mudaria sua vida.
"Em 1959, o João veio realizar um show na cidade. Tinha uma turma enorme e, após o show, umas amigas me convidaram para ir na casa de uma senhora, pois o pessoal iria se reunir lá para um bate-papo. O apartamento era de uma tia da Astrud Gilberto, então casada com João, e ele já estava lá. Essas amigas, me apresentaram a ele e disseram que eu tinha algumas músicas e queria mostrar para ele. Nem me lembro de pedir isso. Ele me emprestou o violão e toquei umas cinco músicas. Em um certo momento, ele me pediu para cantar de novo a segunda música", conta Guimarães. A música a que ele se refere era "Amor Certinho". "Depois que toquei novamente, ele me disse que ia gravar. Não conseguia acreditar. Naquele dia, fui embora para casa em órbita."
Promessa cumprida, no ano seguinte João Gilberto lançava "O Amor, o Sorriso e a Flor" com a composição de Guimarães no repertório. Na voz do baiano, estava registrado ali uma das mais importantes contribuições de Belo Horizonte para a Bossa Nova. (FC)
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