Três sóis haviam passado desde que Iracema e Martim entraram em terras pitiguaras, no interior do Ceará. Quando o dia nasceu, a virgem dos lábios de mel, com cabelos mais negros que a asa da graúna, e seu amado chegaram às margens do Mundaú, um rio em formato de cobra, que desemboca em mares verdes e praias alvas. Ao ver aquela imensidão, “os olhos do guerreiro branco se dilataram e seu peito suspirou”. Se neste verão o caro leitor também for parar por essas bandas, prepare-se: a falta de ar é efeito colateral corriqueiro, comum a todos que visitam a região descrita em minúcias por José de Alencar, no romance batizado com o nome de sua musa.
Quase um século e meio depois da publicação de “Iracema”, a costa cearense ainda preserva rincões praticamente intocados. As águas de Trairi, cidade citada pelo escritor, continuam verde-esmeralda, e as faixas de areia são marcadas apenas pelos desenhos traçados pelo vento. Por lá, é possível caminhar por quilômetros até encontrar alguém – a menos, é claro, que esse ser vivo seja uma vaca, banhistas habitués da região.
Além de praias idílicas, a cidade reserva tudo de bom que o litoral nordestino pode oferecer: frutas exóticas, artesanato e histórias. Isso tudo combinado à pratica do kitesurfe e à hotelaria de luxo, que vem aportando po
Acolhedor
Nesta temporada, entre dezembro e fevereiro de 2015, 1,015 milhão de pessoas devem viajar para o Ceará, tendo Fortaleza como portão de entrada, segundo dados da Secretaria de Turismo do Estado. O número é 4,49% superior ao registrado na alta estação passada, quando vieram 971.350 turistas, sendo 51.384 internacionais.
E se Trairi promete uma bela viagem entre amigos (ou a dois, num clima Iracema e Martim), Aquiraz, a leste do Estado, reserva bons momentos para os pequenos – ou para os adultos que não têm pudor de se divertir. O município tem belas praias, estrutura turística bem montada, esportes em meio à natureza e, um dos maiores de seus trunfos, o Beach Park. Listado pelo site TripAdvisor entre os melhores parques aquáticos do mundo, o complexo inaugurou duas atrações novas, que agregam diversos brinquedos em suas estruturas.
Para fechar bem qualquer viagem, é necessário entregar-se aos prazeres da boa mesa. Um bom plano é esticar até João Pessoa, cidade que descobriu sua vocação gourmet nos últimos tempos. Prova disso é o chef Onildo Rocha, natural da terra e capitão do restaurante Roccia Cozinha Contemporânea. Nas mesas paraibanas reinam queijo coalho, purê de umbu-cajá e macarons – não os franceses de creme, mas os de cajá e pitanga.