Rainha da Inglaterra e da Irlanda de 1558 até sua morte, em 1603, Elizabeth Tudor é uma figura histórica cuja trajetória suscita um interesse que não se arrefece com o tempo – basta citar o sucesso do filme homônimo, de 1998, com a atriz Cate Blanchett como a monarca. Filha de Ana Bolena e Henrique VIII, a regente também é foco do espetáculo “Elizabeth Tudo Pode”, que se apresenta no Galpão Cine Horto no próximo final de semana. Aparentemente, uma peça infantojuvenil. Mas, sim, a chancela acaba soando redutora, pelo fato de, ao final das contas, a iniciativa contemplar todas as faixas etárias.
Idealizadora da empreitada da Cia. YinsPiração Poéticas Contemporâneas (DF), Juliana Zancanaro conta que as crianças mais novas podem até não assimilar todas as referências do texto, mas se rendem à música e ao cenário, coloridíssimo. Os já alfabetizados serão plenamente contemplados, enquanto aos pré-adolescentes, vão soar familiares algumas das referências espraiadas sem didatismos no texto, como “absolutismo” ou “Companhia das Índias”. Finalmente, aos adultos é reservada uma série de “piadas particulares”.
“A diretora fica até contrariada quando dizem peça infantil’, brinca Juliana, referindo-se à colega Luciana Martuchelli, que também assina a criação do cenário, feito pelo artesão Virgílio Mota. Em cena, Juliana vive Alexandria, uma referência à célebre biblioteca que existia na cidade egípcia de mesmo nome. Além dela, o palco recebe William Shakespeare (Similião Aurélio), contemporâneo da monarca, enquanto Filipe Lima dá vida a 37 personagens, que saem dos livros incorporados em bonecos. Caso de Dona Cesárea, uma traça tão milenar quanto gourmet – só devora bons livros. Ah, sim. O nome é uma brincadeira com Julio César, o imperador romano a quem o famoso incêndio de 48 a.C – que destruiu aquele que era considerado um centro do saber – é creditado.
Juliana conta que, na gênese, a ideia era fazer uma montagem destinada ao público adulto. A ideia de contemplar o infantojuvenil veio da lembrança do fascínio que a realeza exerce sobre ele. “Mas, no âmbito da ficção, ao final, sempre há o: ‘e viveram felizes para sempre’, o que, na vida real, nem sempre acontece. Elizabeth, por exemplo, nunca se casou”, diz ela, revelando que todo o cuidado do mundo foi tomado ao tangenciar fatos mais cabulosos, como a decapitação (de Ana Bolena).
Em tempo: a peça virou livro, que será comercializado na temporada mineira. E no sábado (27), após a sessão, haverá bate-papo com o público sobre o processo de criação, teatro, história e sobre a relevância do protagonismo feminino na história e nas artes.
Elizabeth Tudo Pode
Galpão Cine Horto (rua Pitangui, 3.613). Dias 26 (sexta), às 19h; e 27 (sábado) e 28 (domingo), às 16h. R$ 20(inteira)
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