Basta começar o verão para que a busca pelo corpo perfeito (ou quase) seja o objetivo de vida até para quem passa o ano inteiro na academia, afinal, malhar parece nunca ser demais. Para quem ouviu falar – e se preocupou – com a obsessão pela “barriga negativa”, que deixa os ossos à mostra de tão funda no corpo, a turma da maromba e da dieta resolveu inventar mais outras novas manias, popularizadas, é claro, pelas redes sociais.
Como é de praxe postar no Instagram tanquinhos malhados, o verão e as férias ao mar acabam por propagar ainda mais o desejo do corpo perfeito, prato cheio para que o “bikini bridge” – uma expressão em inglês que ao pé da letra significa ponte de biquíni – seja o novo alvo dos cliques. A mania de gosto duvidoso nada mais é do que fotos de mulheres que, quando estão deitadas na areia, o biquíni fica apoiado nos ossinhos do quadril, formando a tal ponte. Como se não bastasse, outra moda, lançada recentemente, foi o “thigh gap”, que cultua aquele espacinho entre as coxas para que não encostem uma na outra – um padrão basicamente restrito às modelos e mulheres de constituição esguia.
Método básico
Se para atingir as coxas desejadas e outros objetivos de verão é preciso se livrar rapidamente da gordura do que se come, os adeptos lançam mão de dietas exageradas e uma rotina de exercícios físicos específicos para conseguir o tal efeito e isso pode ser perigoso, se feito sem orientação. Por aqui, a velha máxima de aliar malhação e escolhas certas continua valendo. “É preciso ter uma alimentação saudável e um acompanhamento profissional, principalmente sobre o que ingerir antes e após o treino específico para a musculatura do abdômen ou das pernas”, explica Débora Bitencourt, nutricionista especializada em nutrição esportiva.
Nas academias, quem preza por esses modismos tem possibilidades reais de chegar a esse objetivo – ou algo parecido: “Podemos conciliar atividades aeróbicas como corrida, bicicleta e natação com a musculação duas ou três vezes por semana para enrijecer a barriga ou a região interna das coxas. O mais importante, nesse caso, é que seja feito de forma saudável”, explica Renato Silva, educador físico especializado em treinamento esportivo da academia Bodytech.
A nutricionista ainda chama a atenção para um erro comum na alimentação de quem é adepto a dietas por conta própria e acha que está fazendo tudo certo. “As pessoas começam a excluir da dieta todo tipo de carboidrato e alimentos com gordura boa e acham que é uma solução, mas acabam perdendo fonte de energia e tendo deficiências nutricionais”, alerta.
Bom senso
Não é pecado nenhum se inspirar em corpos bonitos para o verão, porém tendências exageradas como essas não estão necessariamente ligadas à beleza. Se, por um lado, o padrão é querer pernas tão finas que, mesmo posicionadas juntas, deixam um espaço entre as coxas, outras largam mão e preferem malhar muito para ter coxas torneadas. Independentemente do caminho a se seguir, muitos esquecem que, mesmo com uma rotina intensa de malhação, a estrutura óssea do corpo e, é claro, a genética são fatores determinantes nos resultados. “Nosso biótipo é importante no tipo de corpo que teremos. Tem gente que tem ossos mais largos, o quadril mais fino... é algo que não se pode mudar por causa de uma moda. É preciso buscar um modelo real e que a estrutura corporal comporte para que a pessoa não se frustre”, afirma Débora.
Por outro lado, são nas clínicas de estética que muitas mulheres encontram a solução. De acordo com o cirurgião plástico Edgar Rocha Silva, o “thigh gap” é uma cirurgia comum feita por meio de uma lipoaspiração. “Coxas muito juntas podem gerar desconforto e ferimentos. No abdômen é outro procedimento comum, mas, para a barriga ficar negativa, é preciso que a paciente já seja magra para ter mais efeito”, explica.
Para quem prefere embarcar nos métodos mais rápidos, guiar-se pela moda em busca de uma solução imediata pode se desiludir. “Tem gente que vislumbra um ideal e acaba se decepcionando se o resultado não for igual ao que ela imaginou. Ela precisa passar por uma avaliação para saber se a cirurgia pode oferecer realmente o que ela sonha”, explica o cirurgião. Segundo ele, o método corrige imperfeições, mas não transforma totalmente o corpo.
Recado dado, resta agora se dedicar ao verão sem padrões inatingíveis, ok?