O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, afirmou nesta segunda-feira (23) que o governo brasileiro está “acompanhando com interesse” as eleições na Argentina em razão do Mercado Comum do Sul (Mercosul). Ele ainda defendeu a integração entre os países do bloco.  

Em entrevista, o chefe da pasta econômica evitou comemorar o fato de o candidato governista e atual ministro da economia da Argentina, Sergio Massa, sair na frente na disputa e contabilizar 36,68% dos votos válidos, contra os 29,98% contabilizados por Javier Milei, populista da ultradireita. Os dois vão disputar o segundo turno, marcado para 19 de novembro.  

“Estamos acompanhando com interesse por causa do Mercosul. O Mercosul é sempre muito importante. A Câmara (dos Deputados) aprovou a entrada da Bolívia (no bloco), agora está no Senado. Para nós, é importante consolidar uma integração na região. A integração regional é muito boa para o Brasil”, disse Fernando Haddad à jornalistas assim que chegou no Ministério da Fazenda.  

A Argentina é o maior parceiro comercial do Brasil na América Latina. Na semana passada, em entrevista à Reuters, Haddad tinha mostrado preocupação com eventual vitória de Milei nas urnas. Ele despontava na liderança de várias pesquisas de intenção de votos e adotou um tom radical em sua campanha, entre elas a dolarização da economia e a saída do país do Mercosul.

Já nesta segunda-feira, Haddad não fez menção direta a nenhum dos dois candidatos.  “Estou acompanhando com interesse (as eleições na Argentina) porque sou integracionista. Gosto de pensar numa América do Sul integrada, negociando com a União Europeia mais forte. Quanto mais integrados nós estivermos, melhor para sentar à mesa com a União Europeia e fazer um bom acordo para a região”, afirmou o ministro da Fazenda.  

Negociado entre os dois blocos desde 2001, o acordo está em fase de conclusão, mas segue travado por resistência dos sul-americanos à possibilidade de os europeus imporem sanções a produtos agrícolas provenientes de áreas desmatadas. 

Outro ponto de divergência está relacionado a outra cláusula imposta pelos europeus. Nesse sentido, os países do Mercosul teriam que abrir mão das compras governamentais, em que empresas internacionais poderiam também participar das licitações e contratos. 

“Então, tem implicações nessa questão de integração, não é uma coisa isolada, não é uma coisa ‘ah, cada um cuidando de si’. A gente tem que pensar o todo da região para ver a forma mais adequada de voltarmos a nos desenvolver. Estamos aí há muitos anos sem desenvolvimento”, completou Haddad.