Enquanto o orçamento da Polícia Militar mais que dobrou de 2013 para 2014, o valor aplicado em investigação e em programas sociais de prevenção à criminalidade não teve a mesma atenção. A Polícia Civil recebeu R$ 1,4 bilhão no ano passado, contra R$ 1,1 bilhão em 2013, um aumento de 27,2%. Já os programas de prevenção tiveram queda de 1,1% nos investimentos – de R$ 33,8 milhões em 2013 para R$ 33,4 milhões no ano seguinte.
Os dados, do Portal da Transparência de Minas Gerais, mostram ainda que o orçamento da corporação é cinco vezes maior que o aplicado na Polícia Civil, e 200 vezes superior ao destinado a programas de prevenção, como Fica Vivo e Mediação de Conflito. Só a Polícia Civil tem um déficit de 7.500 profissionais, segundo a própria corporação. A estrutura das delegacias também é defasada e falta tecnologia de apoio às investigações.
“Segurança pública não é só polícia. É preciso trabalhar de forma preventiva e investir em inteligência. O policial tem que ser bem treinado, mas o que a gente vê no Brasil é que os bons policiais são chefes de gabinete. É preciso fazer uma reforma policial”, afirmou o sociólogo Robson Sávio.
O assessor de comunicação da PM, major Gilmar Luciano, disse que a corporação é reconhecida pela qualificação que dá aos militares e que atua na repressão e também na prevenção de crimes. Ele ressaltou ainda que a Polícia Militar está presente em todos os 853 municípios do Estado e que teve frota renovada em todas as cidades nos últimos anos. Hoje, são 12 mil viaturas.
“A PM pode muito, mas não pode tudo. Longe de nós querermos ser deuses ou salvadores da pátria. Temos efetivo gigante, mas segurança pública não se faz só com polícia na rua. O crime é fenômeno humano”, afirmou Luciano.