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Transplante de sobrancelhas é alternativa para corrigir falhas
De acordo com especialista, o procedimento é realizado apenas uma vez e dura a vida toda
Não restam dúvidas de que as sobrancelhas são uma parte importante do conjunto facial. E a busca por procedimentos que valorizem a expressão do rosto por meio delas tem crescido em todo o país. Um deles é o chamado “transplante de sobrancelhas”. O método consiste em transferir pelos do couro cabeludo do paciente para o rosto, com o objetivo de reconstruir ou corrigir eventuais falhas nos arcos em 50% ou mais da composição capilar original.
Segundo o dermatologista José Rogério Régis Júnior, o transplante é ideal para quem busca um resultado definitivo e mais natural. “A técnica resgata as características originais dos fios, como a cor e a direção de crescimento. Uma vez feita, não é necessário que o paciente retorne, já que os fios crescem naturalmente”, afirma.
Processo. O médico diz que há duas formas de extração: a técnica de transplantação de unidade folicular (FUT, da sigla em inglês) e a técnica de extração de unidade folicular (FUE). Em ambas é aplicada uma anestesia local. Os procedimentos podem durar entre três e quatro horas.
“Na primeira, há retirada cirúrgica de uma faixa de tecido (pele e fios) com 5 cm de comprimento e 1 cm de largura e, na sequência, a sutura do corte. Os fios são levados para um microscópio 3D e retirados um a um. Nesse caso, o paciente fica com uma cicatriz com o mesmo tamanho do corte”, esclarece.
Quanto ao FUE, não há incisões ou marcas aparentes. “Utilizamos um aparelho que tem uma broca de 0,8 mm de diâmetro. Ela retira fio por fio do local, o que leva um pouco mais de tempo, mas não deixa cicatrizes e é totalmente indolor”, ressalta.
O método de substituição é apenas um. “Usamos uma caneta de implantação. Dentro dela, colocamos um fio de cada vez, direcionamos no local de aplicação da sobrancelha e ele é transferido. Trata-se de um trabalho artesanal, também indolor, e que requer muito preparo”, diz.
Segundo Régis, a evolução é similar à do transplante em casos de calvície, sendo que os fios transplantados crescerão em duas semanas e cairão em até um mês. Após esse prazo, eles voltam a crescer em três meses, e o resultado final é obtido seis meses a um ano depois. O procedimento pode custar entre R$ 3.500 e R$ 8.000.
Mudança. Transplantar os fios capilares transformou a vida da enfermeira Juliana Saddi, 34. Ela foi vítima de queimaduras de terceiro grau na infância, que comprometeram parte da sobrancelha esquerda e metade da direita. “Passei a vida inteira usando lápis e delineador para ‘camuflar’ a falta de fios”, diz.
Em janeiro deste ano, ela fez o procedimento. “O resultado é impressionante, porque é natural e completo. Ter as sobrancelhas completas devolveu minha autoestima e minha alegria de viver. Quando me olho no espelho, vejo outra pessoa”, afirma Juliana.
O transplante de sobrancelhas é um dos temas abordados no 30º Congresso Brasileiro de Cirurgia Dermatológica, entre os dias 27 e 30 deste mês, no Expominas, em Belo Horizonte.
Erguer supercílio ajudou a evolução humana, diz estudo
Paris, França. A capacidade de erguer a sobrancelha em desconfiança ou franzi-la em solidariedade pode ter dado a nossa espécie uma vantagem evolutiva, disseram pesquisadores da Grã-Bretanha. “As sobrancelhas são a parte que faltava no quebra-cabeça de como os humanos modernos conseguiram se dar muito melhor uns com os outros do que outros homininis agora extintos”, disse Penny Spikins, da Universidade de York, coautora de um estudo publicado na revista “Nature Ecology & Evolution”.
Penny e uma equipe usaram um software para examinar a arcada supraciliar em um crânio fossilizado de Homo heidelbergensis, um membro arcaico da família dos homininis, composta por humanos modernos e nossos ancestrais diretos. O H. heidelbergensis, que viveu entre 600 mil e 200 mil anos atrás, é considerado o ancestral comum dos humanos e neandertais.
Os pesquisadores recriaram digitalmente o crânio e experimentaram mudar o tamanho da arcada supraciliar enquanto aplicavam diferentes pressões de mordida. Eles descobriram que uma arcada supraciliar grande contribui pouco para aliviar a pressão sobre o crânio ao se comer.
O desenvolvimento de uma testa lisa com sobrancelhas mais visíveis e peludas, capazes de maior movimento, começou nos homininis há cerca de 200 mil anos e se acelerou nos últimos 20 mil anos. “A sinalização social é uma explicação convincente para as sobrancelhas salientes dos nossos antepassados”, disse Paul O’Higgins, autor sênior do estudo e professor de anatomia da Universidade de York. “Visto que a forma da arcada supraciliar não é orientada somente por exigências espaciais e mecânicas, sugerimos que uma explicação contributiva plausível pode ser encontrada na comunicação social”.
Sem empatia
Estudo. “Já foi demonstrado que as pessoas que colocam botox, limitando o movimento das sobrancelhas, se identificam menos com as emoções dos outros”, diz Penny Spikins.
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