Apesar de indicadores negativos, como a redução nas vendas e queda do Produto Interno Bruto (PIB) do setor da construção, os preços dos imóveis ainda não caíram neste ano em Belo Horizonte. E a previsão de especialistas é que eles devem acompanhar a inflação, ou seja, tendência de alta de cerca de 6%. “O mercado está passando por ajustes. Não vejo, neste momento, possibilidade de queda de preço”, disse o vice-presidente da área imobiliária do Sindicato da Indústria da Construção Civil de Minas Gerais (Sinduscon–MG), Lucas Guerra Martins.
Ele ressalta que os componentes dos custos do setor não sinalizam recuo. “Os terrenos continuam escassos em Belo Horizonte. O valor pode até não aumentar, mas não vai abaixar. A mão de obra, no último dissídio da categoria, ficou acima da inflação”, justifica. Em 2013, o preço médio em BH foi de R$ 407.173,62, valor 7,4% superior ao do ano anterior, quando ficou em R$ 379.224,81, segundo dados da Câmara do Mercado Imobiliário e Sindicato das Empresas do Mercado Imobiliário de Minas Gerais (CMI/Secovi-MG) e Instituto de Pesquisas Econômicas e Administrativas (Ipead).
O Sinduscon-MG divulgou pesquisa nesta terça-feira (dia 24) sobre o desempenho do mercado imobiliário de Belo Horizonte nos primeiros quatro meses de 2014. E os resultados para a capital e o país não são dos melhores. O PIB da construção civil do Brasil registrou queda de 2,3% no primeiro trimestre deste ano frente os últimos três meses de 2013. Em Minas, no mesmo tipo de comparação, a queda foi de 0,1%.
A franqueada das imobiliárias RE/MAX Mix e RE/MAX Galaxy, Elaine Takahashi, descarta queda nos valores cobrados pelos imóveis neste ano. “Já ouvi comentários de que os preços vão cair depois da Copa. Só que essa não é a tendência”, diz.
Ela afirma que 2014 é um ano atípico para o segmento, em razão da Copa e das eleições. De janeiro a maio em relação ao mesmo intervalo de 2013, as vendas tiveram recuo de 20%.
A queda confirma a pesquisa do Sinduscon-MG, baseada em dados do Ipead/UFMG, que mostrou queda de 28,01% na comercialização de apartamentos nos primeiros quatro meses deste ano frente igual período do ano anterior. Foram 820 apartamentos novos vendidos na capital de janeiro a abril, enquanto que no mesmo intervalo de 2013, o total chegou a 1.139 unidades. A velocidade de vendas também teve redução neste período, de 5,87 pontos percentuais.
Com indicadores ruins, empresas apostam em crédito
Não é só no acumulado dos quatro primeiros meses de 2014 que as vendas de apartamentos em Belo Horizonte foram inferiores aos do ano passado. Levantamento do Sinduscon-MG, considerando o período dos últimos 12 meses (maio/13 a abril/14) em relação aos 12 meses imediatamente anteriores (maio/12 a abril/13), mostra que o número de unidades vendidas reduziu 15,60%.
Analisando apenas abril, o recuo na comercialização continua. Foram 125 apartamentos vendidos no quarto mês de 2014, enquanto em no mesmo mês do ano anterior, o total chegou a 313. A queda foi de 60,06% os lançamentos. Apesar dos dados não favoráveis, a estimativa do Sinduscon-MG é que o mercado imobiliário deve registrar crescimento. A justificativa é que o financiamento cresceu 16% de janeiro a abril deste ano.