Giovanna Antonelli garante: “Eu me sinto completamente fora do padrão; não penso em ter um para agradar a ninguém. Quanto mais velha eu fico, mais tenho vontade de não ter um padrão”. A afirmação foi dada pela atriz ao dizer que, na vida real, é completamente diferente de Lívia, personagem que interpreta em “Filhas de Eva”, nova série original do Globoplay, que estreia nesta segunda-feira (6).
E ela explica o motivo: a bem-sucedida psicóloga de casais é muito ligada a padrões sociais que não a fazem feliz, como, por exemplo, um relacionamento tóxico. Mas tudo começa a desmoronar, e Lívia, ao lado da mãe, Stella (Renata Sorrah), e da amiga Cléo (Vanessa Giácomo), abandona todas as amarras sociais, descobre a liberdade e um mundo de possibilidades.
Escrita por Adriana Falcão, Jô Abdu, Martha Mendonça e Nelito Fernandes, a série vai girar em torno dessas três mulheres, que tentam fugir dos padrões que, de alguma forma, foram impostos a elas. O estopim para essa grande transformação começa justamente com Stella.
“Ela é uma mulher de 70 anos que está comemorando 50 anos de casamento”, conta Renata Sorrah. E é nesse evento que a personagem toma uma decisão. “Ela, olhando as fotos e vídeos (dela ao lado do marido) que são mostrados na festa, diz: ‘Eu quero me separar’”, afirmou. “Ela pega a bolsa e sai, sem um tostão no bolso, e vai começar uma vida nova. É uma coragem para seguir em frente e repensar a vida, ir atrás da felicidade aos 70 anos. Isso é sensacional”, destacou a veterana atriz.
Assim como Lívia, Cléo – personagem de Vanessa Giácomo – acaba sendo influenciada pela decisão de Stella. “Eu acho que, das três, ela é a mais perdida. Ao longo da série, ela vai se encontrando, e isso se reflete inclusive no figurino; ela não sabe nem o estilo que tem. Isso se reflete também nas atitudes que ela tem. Cléo vai errando, acertando, vai levando isso com bom humor, vai aprendendo, se transformando em outra mulher”, explicou Vanessa. “Quando ela começa a se encontrar, ela começa a se transformar”, completou a atriz.
Transformação, aliás, é uma das mensagens que “Filhas de Eva” vai passar para o público, segundo Giovanna Antonelli. “Esta é uma mensagem que me atrai muito. A vida é feita de transformações, a cada ano a gente vai se transformando. Nenhum personagem termina como começou”, disse. “A gente tem que ser elástico para sobreviver, principalmente nesse último ano que a gente viveu. E ver personagens se transformando traz uma conexão com o público. Quem não tem desejo de mudar padrões? Todas nós nos transformamos muito”, afirmou a intérprete de Lívia.
Vanessa faz questão de ressaltar que as três protagonistas não são certinhas e que, ao cometerem erros e acertos, humanizam a história. “O bonito é que todas as personagens vão errando ao longo do caminho. Elas passam por situações que não sabem como lidar, mas depois vão descobrindo”, pontua a atriz.
Giovanna define “Filhas de Eva” como uma comédia dramática. “São situações divertidas e também dramáticas. A série é leve, e, ainda mais por causa da pandemia, tudo o que a gente quer é assistir a coisas leves. Há uma leveza para tratar de assuntos que ficam inflamados”, explicou a atriz. "É a história de três mulheres em busca de liberdade", descatou Renata.
'Dia da Mulher é todo dia'
“Filhas de Eva” traz no enredo temas fortes ligados a mulheres que resolvem deixar para trás a vida que tinham e que saem em busca daquilo que acreditam. Por isso, a estreia da série no Dia Internacional da Mulher não é mera coincidência. “Eu acho que o Dia da Mulher é todo dia; um dia pra mulher é muito pouco”, disse Giovanna Antonelli. “Se é para comemorar, a gente comemora no dia 8… a estreia da série”, disse a atriz, aos risos.
As protagonistas garantem que assuntos como feminismo e sororidade estarão presentes na trama. “A história é sobre sororidade, que é uma palavra que antigamente a gente não conhecia. Há um tempo as mulheres competiam umas com as outras. Hoje a gente sabe que só é forte se der as mãos umas às outras”, pontuou Renata Sorrah.
“A sororidade é um pano de fundo que nos acompanha”, afirmou Giovanna. “Durante a série, todo mundo começa a se perguntar: quem sou eu? Uma vai despertando a busca da outra. Elas viram parceiras, generosas umas com as outras”, analisou a atriz.
Vanessa Giácomo observa que Cléo, Lívia e Stella têm personalidades muito diferentes. Entretanto, as três se reconhecem umas nas outras e constroem, juntas, uma história de companheirismo e amizade. “Cada uma seguiu seu caminho de aprendizado. São mulheres corajosas, buscaram felicidade, seus diferentes sonhos, seus desejos. Mas todas elas foram atrás do seu legado”, disse.
Mas por que “Filhas de Eva”? Teria alguma relação com a figura mítica associada ao pecado e à dependência? “Somos filhas de Eva, mas fazemos força para deixar de ser”, afirmou Renata. Vanessa completou: “Isso na verdade é a cara da série. Todas sofrem muito durante essa transformação”.
O trio também destaca a importância dos espaços que as mulheres têm conquistado e o progresso no campo feminino. “E vamos conquistar muito mais. Quando você pensa que mulheres não podiam votar… isso nem passa pela minha cabeça, nem sei como é isso”, exemplificou Renata. “É um caminho sem volta. Os homens vão ter que aprender”, disse Giovanna. “Tenho muito orgulho de ser mulher. Nós somos sinistras!”, ressaltou a intérprete de Lívia.