Os dois lados se conhecem e dificilmente você vai fazer algo diferente. Esta frase não é minha. É do técnico Mano Menezes. Ela mostra que atleticanos e cruzeirenses convivem tanto com este clima de rivalidade em Belo Horizonte, que, realmente, é muito difícil apresentar algo revolucionário em um jogo.
A diferença pode estar no estado de espírito da equipe naquele dia. Uma jogada melhor ensaiada durante a semana. Ou até mesmo com a sorte de dar X chutes a gol e todos eles entrarem.
O futebol é um esporte que busca nas estatísticas uma lógica que, muitas vezes, lhe dá rasteiras. E, talvez por isso, há quem diga que em “clássico não há favorito”. Não compactuo com isso. Já deixei isso registrado por aqui.
Nas arquibancadas, as diferenças entre os torcedores parecem ser grandes, principalmente, quando estão vestidos de preto-e-branco ou azul. Em Belo Horizonte, isso virou antônimo.
No entanto, no íntimo, quem ama um time de futebol tem mais semelhanças do que diferenças. Logo, reforço: há mais semelhanças fanáticos torcedores de Atlético e Cruzeiro do que entre um fanático torcedor da Raposa e aquele que apenas curte as decisões e vice-versa.
Esta ansiedade que você sente agora pelo clássico de logo mais é a mesma que o seu rival, fanático como você, também sente. A vontade de gritar e zoar o time adversário é a mesma do outro lado da arquibancada. Amigo, você é mais parecido com o ser que você aprende a odiar do que você pode imaginar.
Por conta disso, as rivalidades em cidades com dois clubes gigantes são tão intensas. Os torcedores são muito iguais. São irmãos querendo discutir quem tem o maior amor da mãe. Todos têm amor suficientemente grande para se considerar o mais querido.
Atlético e Cruzeiro têm forças equivalentes nas arquibancadas. A decisão de dividir as torcidas depois deste Campeonato Mineiro trará de volta um ar de competição que se perdeu de 2010 para cá. Ponto positivo para as duas novas diretorias, que entenderam que o futebol brasileiro é bem diferente do europeu, assim como os anseios de seus torcedores, já acostumados com esta disputa.
Força em campo
Em campo, o Cruzeiro tem a vantagem que o regulamento lhe deu e também os benefícios de um trabalho mais longo. Mano Menezes conhece mais as deficiências do Galo e também os pontos positivos do time azul.
Do outro lado, Thiago Larghi acaba de completar 50 dias de trabalho. Apesar de elogiado por jogadores e membros da comissão técnica, ainda é pouco tempo. E, uma derrota não pode encerrar um ciclo que promete.
Candidatos a heróis
No Cruzeiro, Thiago Neves e Raniel são dois dos que podem dar o título do Campeonato Mineiro, que não vem desde 2014. Outro que pode decidir é Fábio, já que, à Raposa, basta não sofrer gols para ser campeã.
Por conta disso, o Atlético terá nos pés do pastor Ricardo Oliveira a confiança da vitória. No entanto, pelo histórico recente, é preciso que Cazares tenha tardes inspiradas para inverter a vantagem.
O futebol começa o seu ciclo de vilões e heróis neste domingo.
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