Historicamente, o futebol brasileiro sempre foi superior ao jogado em nossos países vizinhos. Com exceção aos grandes times argentinos, com quem nossa rivalidade sempre esteve e sempre estará aflorada, nossos times, na maior parte do tempo, foram superiores tecnicamente aos demais sul-americanos.
E não há discussão quanto a isso, tendo em vista a quantidade de títulos conquistados — com a supremacia dividida com os hermanos — e a força dos elencos que já vimos atuar.
Por outro lado, nos últimos anos, é possível reparar que essa disparidade, outrora mais visível, diminuiu. Tem sido cada vez mais comum os times brasileiros encontrarem maior dificuldade contra adversários que, nem de longe, aproximam-se em história, qualidade individual e expectativa de desempenho. Parece-me, algumas vezes, que a diferença entre o futebol jogado em outros países sul-americanos e o praticado aqui é cada vez menor, ainda que o nível de investimento estrutural, técnico e humano seja bastante superior em território brasileiro.
Na última semana, após Cruzeiro x Deportivo Lara, a mídia esportiva se dividiu entre os que criticaram o futebol jogado pela equipe celeste e os que exaltaram a conquista do resultado, o 2 a 0 feito no Mineirão, onde no segundo tempo a equipe da Venezuela incomodou bastante.
Não compactuo com a ideia de que "não existe mais jogo fácil" no futebol atual. É evidente que existe. Imagine só, uma equipe dona de um grande investimento, com jogadores tecnicamente bastante superiores, com uma maior tradição e uma melhor preparação, contra outra que sequer se aproxima nesses aspectos. Não há como não imaginar que o cenário criado é para a transformação em um jogo fácil.
Mas não é tão simples assim, e o futebol não é científico, exato, com uma certeza absoluta. Se assim fosse, sabendo que seria igual a chance de desempenho entre um elenco caro e um barato, não seria preferível montar uma equipe mais modesta? Por outro lado, eu também creio que, por esse histórico de disparidade, ainda exista algum tipo de soberba de nossa parte, sobretudo de quem analisa futebol, em não aceitar que também se pode jogar bom futebol fora daqui, fechando-se os olhos para bons times que surgem nos demais países.
Falando em nível continental, a noite reserva bons confrontos pela Copa Libertadores. O Atlético encara um Zamora que, em meio às dificuldades que têm envolvido o país, vai ter que dividir seu elenco para fazer dois jogos no mesmo dia. Seria um equívoco dizer que o Atlético não é favorito a vencer o jogo, em uma análise mais geral. E, indo além, seria correto dizer que o Galo tem a obrigação da conquista do resultado, pela sua situação alarmante na chave.
O Cruzeiro, por outro lado, vive situação bem mais tranquila, criticado ou não, mas com duas vitórias na bagagem e quatro pontos de vantagem para o adversário da noite, o Emelec, que é o vice-líder do grupo B.
Gostem ou não, são níveis de trabalho bem diferentes no comparativo dos mineiros. E isso reflete em campo.