Um piscar de olhos dura entre 100 a 150 milésimos de segundo, tempo muito maior do que a abertura de um airbag e o início do seu desinflar. Essa operação dura apenas 30 milésimos de segundo, graças à bolsa inflável que "explode" a uma velocidade média de 300 km/h. O sistema, que funciona como um complemento do cinto de segurança, começa a se popularizar no Brasil e, em 2014, será obrigatório em todos os carros novos. Só que, para cumprir sua função de forma adequada e evitar danos à saúde, os ocupantes de veículos com airbag devem ter atenção redobrada com a postura dentro do carro.
A mais importante delas é o uso do cinto de segurança. Achar que pode usar o airbag sem cinto é o erro mais grave. Isso porque a proporção da abertura do airbag é calculada levando em conta o trabalho do cinto de segurança, que segura, e muito, o corpo. Um estudo realizado pela Fundación Mapfre, na Espanha, constatou que o uso combinado do airbag e do cinto de segurança reduz o risco de morte em mais de 50%. Hoje, diversas pesquisas têm como objetivo mudar a maneira que os airbags são implantados para reduzir os traumas decorrentes de sua abertura.
"Os projetistas de sistemas automotivos e de segurança devem continuar a investigação sobre o design de abertura do airbag, visando minimizar o contato com os olhos", alerta o oftalmologista Virgílio Centurion, diretor do Instituto de Moléstias Oculares (IMO).
Vacilos. Apesar disso, em alguns casos, o disparo do airbag pode mesmo provocar lesões nos olhos. Os pesquisadores constataram que isso acontece, principalmente, porque os motoristas, de forma geral, mantêm uma distância inadequada em relação ao volante: 26% se situam a menos de 42,5 cm (distância olhos ao centro de volante), quando o recomendado, em média, são 45 cm. Conforme a pesquisa, o risco de sofrer lesões oculares mais graves no caso de disparo do airbag é maior para as pessoas que usam óculos. Mas sempre irá depender do tipo de armação e de lente utilizada. O ideal é consultar um oftalmologista a fim de descobrir o nível de rigidez e resistência desses dois componentes.
No caso do passageiro da frente, um vacilo comum é o de apoiar os pés sobre o painel, onde fica a bolsa inflável, aumentando o risco de fraturas graves nas pernas. Com cadeirinha no banco da frente, o certo é desativar antes o airbag do passageiro.
Risco de queimadura é pequeno, mas existe
Além de traumas oculares provocados, a literatura médica registra casos de queimadura nos olhos após a abertura de airbag. Um dos primeiros relatos sobre o problema surgiu em 1992, quando um paciente apresentou ceratite química, depois que um airbag do lado do motorista foi acionado. "A ceratite é uma espécie de queimadura resultante do contato da córnea com a amônia, o hidróxido de sódio e o aerosol, que são emitidos como subprodutos da combustão de sódio, usado para inflar o airbag", explica o oftamologista Virgílio Centurion. Felizmente, hoje, a indústria automobilística já conta com modelos de airbags mais modernos, que estão empregando menos produtos químicos tóxicos (como por exemplo, a azida de sódio), o que diminui o risco de queimar os olhos. (IV)
Dicas
Lentes. Motoristas não devem usar lentes de vidro mineral para guiar porque elas podem se estilhaçar.
Armação. Em carros com airbag, a recomendação é para também evitar óculos com armação fechada.
Distância. Pesquisas concluíram que é fundamentar manter uma distância adequada em relação ao volante: em média 45 cm entre o rosto e o centro do volante.