Vendas de caminhões novos têm queda no 1º semestre de 2023 apesar de incentivos

As vendas de caminhões novos no primeiro semestre de 2023 não alcançaram as expectativas, contrariando as previsões iniciais. A Medida Provisória 1175/23, criada pelo governo federal para impulsionar as vendas de veículos, não surtiu efeito no segmento de caminhões comerciais pesados.

Conforme os números de emplacamentos, as vendas de caminhões sofreram uma retração de 28,86% em junho, em comparação com o mesmo período de 2022.

Segundo dados da Fenabrave, entidade que representa os concessionários de veículos no país, foram emplacados apenas 7.722 caminhões no último mês, uma quantidade significativamente menor do que os 10.854 modelos entregues no mesmo mês do ano anterior.

Além disso, em relação aos emplacamentos de maio (7.893), as vendas de junho registraram uma queda de 2,17%. No acumulado do ano, o recuo chega a 12,10%. Enquanto nos primeiros seis meses de 2023 foram negociados 50.352 caminhão zero quilômetro, no mesmo período de 2022 o setor emplacou 57.282 veículos de carga.

O presidente da Fenabrave, José Maurício Andreta Júnior, reconhece que a Medida Provisória não atingiu seus objetivos e atribui o resultado ao fraco desempenho da economia, com exceção do setor do agronegócio.

Andreta afirma que as vendas de caminhões estão diretamente relacionadas ao Produto Interno Bruto (PIB) e à disponibilidade de crédito, linhas de financiamento e taxas de juros favoráveis. Além disso, a transição dos motores do padrão Euro 5 para o Euro 6 também levou os clientes a anteciparem suas compras, a fim de evitar o aumento de preços dos veículos novos com motores mais modernos e menos poluentes.

Programa Renovar para caminhões

Diante desse cenário, o presidente da Fenabrave enfatiza que é necessário incentivar a renovação da frota de veículos comerciais, inclusive com financiamentos específicos.

A entidade e o governo planejam se reunir para discutir a implementação do Programa Renovar, que tem como objetivo promover a renovação de frotas. Andreta destaca que o programa enfrenta alguns desafios regulatórios, como o descarte de peças, mas acredita que uma abordagem assertiva pode ser desenvolvida em conjunto com o governo.

Vendas de ônibus apresentam perspectivas positivas

A Fenabrave projeta que as vendas de caminhões devem se manter estáveis em relação ao ano anterior, com um total de 124,5 mil emplacamentos. Por outro lado, para o mercado de ônibus, a federação prevê um crescimento de 5% nas entregas.

Isso representa um aumento discreto de 21,8 mil (em 2022) para pouco mais de 22,9 mil (em 2023). Segundo Andreta, esse aumento é impulsionado pela demanda reprimida gerada pela pandemia da Covid-19, levando as empresas a adquirirem novos veículos para renovar suas frotas.

Além disso, o Programa Caminho da Escola, que incentiva a compra de ônibus, contribui para estimular as vendas no setor. Em junho, as operações cresceram 22,18% em comparação com o mesmo mês do ano passado. As marcas venderam 2.115 ônibus, em contraste com os 1.731 vendidos no ano anterior.

No acumulado de 2023, houve um aumento de 45,83% nos negócios, com o setor registrando a venda de 13.399 ônibus no primeiro semestre. No entanto, os emplacamentos de junho tiveram uma retração de 5,45% em relação a maio, quando foram emplacados 2.237 ônibus.

Setor de implementos rodoviários

Enquanto isso, a indústria fabricante de implementos rodoviários registrou um saldo positivo no primeiro semestre de 2023. Foram emplacadas 42.096 unidades, representando um crescimento de 4,54% em comparação com o mesmo período de 2022, quando foram emplacados 40.277 implementos.

No entanto, em junho, as vendas apresentaram uma queda de 4,62% em relação a maio. Foram vendidas 7.323 unidades, em contraste com as 7.678 entregues no mês anterior.

Apesar das dificuldades enfrentadas pelas vendas de caminhões, o setor de ônibus registra perspectivas positivas, impulsionadas pelo Programa Caminho da Escola e pela demanda reprimida. Já a indústria de implementos rodoviários apresentou um crescimento geral no primeiro semestre, embora tenha enfrentado uma leve queda nas vendas durante o mês de junho.