As cantoras Luísa Sonza e Manu Gavassi, famosas e queridas entre seus públicos, lançaram trabalhos nesta semana, movimentando a Internet. Com suas particularidades de formatos, claro, ambas assumem o discurso de vulnerabilidade em suas produções. Mas, será que há tanta autenticidade assim no que roteirizamos e deixamos registrar?

Estreou na Netflix o documentário Se eu fosse Luiza Sonza, dividido em três partes, sobre a cantora gaúcha, que se tornou bastante conhecida nos anos recentes. Os episódios discorrem sobre o começo de sua carreira até o estrelato, envolvendo as polêmicas que atravessou, como as ameaças que sofreu depois o término com um famoso humorista, que a fez deixar o país por duas semanas. Triste e criminoso, óbvio.

Nos primeiros minutos, uma fala da mãe da cantora explica muita coisa sobre a vida da filha. Espero que Luísa se atente a isso na sua terapia, que acredito que faça, tendo em vista as questões mentais que divulgou atravessar e os remédios que toma, também registrados no documentário. Medicamentos, quando prescritos em tratamentos sérios, são fundamentais para o bem-estar e devem ser tomados com rigor e supervisão.

Sonza afirma em seu documentário “minha maior hater sou eu”. A linha de pensamento segue em comunhão com Gavassi, perspicaz no recurso de debochar de si própria antes que alguém o faça; a cantora e ex-BBB lança críticas sobre sua obra, precipitando comentários na Internet.  Gavassi, que é boa atriz (sem ironia alguma), lançou um vídeo seguido de um clipe de 11 minutos. Na canção intitulada “Pronta pra desagradar”, ela não se mostrou tão pronta assim aí pra isso. Colocou amigos famosos no clipe, como o comediante Esse Menino e a cantora Pitty, mostrando o poder de sua rede de contatos, e criticou em esquetes a forma com qual fazem arte nos dias atuais: com indiretas, polêmicas, térmicos e traições.

Paradoxalmente, Gavassi fez o que condenou na carreira dos colegas.

É como postar foto sem filtro e sem maquiagem, mas com o rosto todo modelado em procedimentos estéticos.

Não vejo problemas em artistas que querem crescer estarem nas engrenagens capitalista dos bens de consumo. É como vivemos, não tem como fugir disso. O que não dá é para lograr para si um estado puro, de escuta da alma, quando tudo que se quer é estar lá, onde elas estão.

Fazer de conta que não se joga o jogo, quando na verdade se está louca para ganhar o campeonato é recurso de quem quer se manter inocente, de quem acredita que a taça vai cair de mão beijada. A lama faz parte do podium, sendo você artista ou um trabalhador que acorda cedo para ir trabalhar.

Autenticidade é também assumir os desejos.