Que jogo maluco, meus amigos. Daqueles pra acabar com qualquer prognóstico, contrariar qualquer estatística e enriquecer as casas de apostas. Qual era a probabilidade de o time com um jogador a menos fazer dois gols? E de o Atlético terminar a partida tendo Arana e Vargas de armadores? Ou virar em dois minutos, tendo Alan Kardec como protagonista da remontada? Pois é.

O Galo não começou bem. Repetiu o desenho tático do jogo contra o São Paulo, mas parecia outro time, principalmente na defesa. Se no Morumbi tivemos um time atento, mordedor, em Porto Alegre parecia que o Grêmio jogava com um a mais - mesmo quando tinha um a menos.

A expulsão do zagueiro gremista, aos 19 do primeiro tempo, parecia a solução para um início muito ruim do Galo. Tivemos uma chance clara com Bernard ainda no 11 contra 11, mas foi nossa única do primeiro tempo. O vermelho pro Gustavo Martins não resolveu. Mesmo com 10, só o Grêmio jogou nos primeiros 45. Fez só 2 a 0 porque Everson fez uma defesaça. Ficou até barato.

Bernard está mal, evidentemente, mas o argumento da adaptação, no caso dele, é razoável. Fausto Vera me incomoda mais. Não marca como um volante, não cria como um meia, muito menos faz os dois juntos (tipo o Zaracho nos melhores dias). O meio-campo com Otávio, Vera e Franco não deu certo, e me irritou muito ter que esperar o intervalo de jogo pra ver a correção.

Soteldo deitou pra cima do Saravia, nossos jogadores erraram tudo na marcação das bolas aéreas, do meio pra frente só o Scarpa criava alguma coisa. Sinceramente, no intervalo, era difícil visualizar uma recuperação. Piorar não dava, é verdade, mas sem Paulinho e Hulk, como teríamos inspiração pra três gols?

Mais uma vez apareceu o improvável na Arena do Grêmio. Milito mudou o time radicalmente. O 4-3-3 virou um 3-3-4. Arana, de lateral, virou ponta, e por fim armador. Vargas entrou como atacante, mas também foi pro meio. Scarpa foi outro que fez o movimento de fora pra dentro. Entraram bem Eduardo Vargas, Rubens, Brahian Palacios, Cadu e (sim, acredite) Alan Kardec.

Até as decisões interpretativas da arbitragem foram a nosso favor - não tô falando que era o dia do improvável? A própria expulsão, cá entre nós, seria um lance bem resolvido com um cartão amarelo. Os pênaltis foram bem marcados, e Scarpa e Palacios bateram bem. Kardec foi bem pelo alto, pra cabecear no braço de João Pedro, e por baixo, dando um lindo passe de calcanhar pra Arana queimar as mãos de Marchesín (o goleiro que mais dá rebote que já vi na vida). Vargas, de peixinho, guardou na última volta do relógio e trouxe alívio.

Eu não esperava nada desse roteiro, imagino que vocês também não, mas os três pontos vieram e é o que importa. Que a data Fifa seja bem aproveitada. Temos muito a corrigir. Dos últimos seis gols do Atlético, um foi de bola rolando. Os cinco anteriores foram de pênalti ou de escanteio. Bola parada serve pra te salvar, mas não vai salvar sempre. É tipo miojo: aqui e ali vai bem, mas vai tentar viver só de miojo pra ver…

De toda forma, vai ser bom descansar tendo como memória mais recente um jogo maluco que terminou com vitória. Nos próximos dias, ao lembrarmos da última apresentação do Galo, a reação vai ser um sorriso. Com um ar de desespero? Sim. Com medo? Também. Mas ainda assim um sorriso.

Saudações!