Foram incríveis 80 finalizações até aqui. Em três jogos. Média superior a 26 arremates por partida. Apenas três gols marcados. As estatísticas ofensivas do Atlético neste início de Campeonato Brasileiro são assustadoras. E precisam ser avaliadas com cuidado.
O número isolado dá a falsa impressão de que o Galo está dominando todos os adversários e tropeçando por puro azar ou falta de pontaria. Não é simples assim. Contra o Vitória, por exemplo, foram 33 finalizações, mas não mais do que cinco chances claras, bem trabalhadas, em jogadas que fizeram sentido.
Teve muito chute aleatório, cabeceio sem perigo, por aí vai. São finalizações que até entram na estatística, mas que não chegam nem perto de gerar impacto na conta que, no fundo, é a que importa: a de gols marcados. Me parece que há uma certa ansiedade nas tomadas de decisões no famoso “último terço”.
O time tem organização e costuma chegar ao ataque com vários jogadores, mas tem errado demais nas escolhas. Pra piorar, Scarpa e Hulk, os dois mais técnicos do setor ofensivo, foram mal na última rodada. Contra o Santos, na Vila, precisamos nos reencontrar.
Espero que esse tenha sido o foco de Cuca nos treinamentos dos últimos dias. O jogo vertical e objetivo é uma característica do treinador e não pode ser descartada, mas desperdiçar ataques com conclusões precipitadas também não é o caminho. Ficar um pouquinho mais com a bola e pensar com mais cuidado no itinerário até o gol adversário pode ser a solução.
Por mais que o adversário esteja mal, é o Santos na Vila. Por mais que não esteja bem, tem o Neymar do outro lado. Se a gente desperdiçar as chances criadas, a chance de vitória é muito pequena. E terminar a quarta rodada sem vencer seria terrível.
Não precisa chutar 30 bolas no gol, Galo. Basta acertar uma ou duas (e retomar a solidez lá atrás, naturalmente). Já estaremos satisfeitos.
Saudações.