O momento que o Cruzeiro vive, acima de tudo, é para o torcedor desfrutar. Por muito tempo, o clube conviveu com interrogações latentes sobre suas perspectivas de futuro, e houve quem até duvidasse da própria sobrevivência da Raposa. Mas o time celeste é gigante e vem dando a volta por cima, fazendo aquilo que sempre esteve em seu DNA: jogando um futebol de qualidade — e que, com certeza, vem chamando a atenção de todo o país.

Não quero ressuscitar o passado neste espaço; quero me ater ao presente, ao deslumbramento de poder olhar a tabela e dizer com orgulho: hoje tem jogo do Cruzeiro. É também um pouco do resgate do orgulho, da possibilidade de vestir as cinco estrelas no peito com prazer.

Este é um Cruzeiro, acima de tudo, mais próximo, mais tangível, mais aberto — quase palpável, tamanha a sintonia entre time e arquibancada. Esse sentimento de pertencimento era algo que estava em falta. Ver o time em campo e se sentir, de fato, representado, é um privilégio. 

Esta é uma equipe com gana, com vontade, com espírito de competição e de trabalho. E isso, sem dúvidas, inspira e transpira. É a realidade que o torcedor sonhou viver, agora brindado por performances individuais que reforçam o brilho do coletivo.

Houve um momento, na temporada passada — e até mesmo neste ano —, em que o Cruzeiro parecia um time onde cada um jogava por si próprio. Mas o que se vê atualmente é uma equipe que fortalece sua característica coletiva e se torna letal à sua maneira: um, dois, três toques na bola, transições rápidas e muita velocidade.

E, claro, tudo começa na marcação efetiva — dos atacantes ao sistema defensivo. Uma equipe bem montada, bem ajustada, bem afinada.

Os elogios podem parecer traiçoeiros, considerando o estágio atual do Brasileirão, mas, como eu disse: hoje, vou me apegar ao presente. E esta é a realidade que contemplo. A do desfrute.

Contra um Corinthians em crise, o desafio de manter a liderança mais uma vez se coloca diante da Raposa. E, para sair da Neo Química Arena com uma vitória, mais do que futebol, será preciso entrega. Que o Cruzeiro consiga demonstrar isso mais uma vez. O desafio não está no amanhã, nem no flerte com o título aventado por analistas — está no hoje.

O hoje é a final do Cruzeiro. Essa precisa ser a mentalidade celeste até o fim.