Venceu o clássico quem tem mais time atualmente. Venceu quem é mais organizado e, especialmente, quem tem técnico. Aquele jogo do turno do Brasileirão, um empate sem gols no Mineirão, já dava mostras da diferença de nível entre as equipes, com o Atlético se contentando em resistir ao Cruzeiro de Jardim. A bem da verdade, saiu foi barato para Cuca naquela oportunidade.

Quando precisou sair para o jogo, já que atuava em casa e com a necessidade de construir um placar para a partida da volta, ele se deparou com a letalidade do Cruzeiro e sucumbiu, junto com suas pobres análises táticas. Mas isso é um problema do rival.

Mesmo que o time celeste tenha feito um primeiro tempo aquém de suas apresentações recentes, a Raposa ainda conseguiu se encontrar na etapa inicial, teve totais méritos por não se desestabilizar e apresentou respostas no segundo tempo, impondo seu estilo, sua qualidade técnica superior e também mostrando fôlego, algo que vinha sendo uma preocupação recente do torcedor. O golaço de Fabrício Bruno desmontou completamente o adversário, que sentiu o golpe visivelmente.

Veio então Kaio Jorge para girar o punhal. E o Cruzeiro poderia ter causado ainda mais dano, muito mais, se quisesse, tamanha a vantagem técnica que possuía e o esmorecimento do Atlético. A equipe de Jardim pode até ter terminado o jogo com menos posse de bola, mas as circunstâncias da partida apontavam para a busca do protagonismo por parte do time da casa. Eram eles que tinham a obrigação de marcar território em sua Arena — e não conseguiram.

Vejo muita gente dizer que o Cruzeiro "achou" um gol. Mas só marca quem procura e tem competência para fazê-lo. A Raposa teve as duas coisas. No mais, é isso. A primeira batalha foi vencida, mas ainda há todo um jogo da volta pela frente. O trabalho não está finalizado.

Mas o Rei de Copas, diante de sua torcida, tem uma enorme chance de dar outra bela amostra da grande temporada que tem feito. Para tanto, será necessário manter os pés no chão, ter um mental forte, já que o oponente também é conhecido por usar e abusar de um jogo de intimidação para tentar esconder suas falhas técnicas. Porém, de qualquer forma, com a necessidade que o adversário tem de sair para o jogo, os espaços talvez se mostrem ainda mais evidentes. Que o Cruzeiro, acima de tudo, seja o que tem sido: um time equilibrado, técnico e com uma proposta clara. O resto virá como consequência.