Nesse último fim de semana usei os recursos das redes sociais para denunciar o descaso da Cemig para com seus consumidores do Norte de Minas, especialmente no atendimento de eventuais interrupções na prestação de serviços. 

Produtores rurais, pequenos comerciantes e industriais têm sido afetados no seu trabalho e nos seus resultados em decorrência da demora na reparação de defeitos na distribuição de energia. Dona de um status de quase monopolista como concessionária de eletricidade em Minas, a estatal vende seus serviços debaixo do slogan que ela mesma conquistou de ser “a melhor energia do Brasil”, o que há um tempo realmente foi. 

O que motivou a reclamação e o uso das redes sociais para tornar público tal postura de desatenção foi uma interrupção nas primeiras horas da manhã de sábado e a volta do fornecimento no domingo, às 15h30. Foram 32 horas desligados, sem funcionar coisa alguma, além da iluminação essencial. Fazendo coro à reclamação, vários consumidores, produtores rurais em especial, se adiantaram em criticar a baixa qualidade dos serviços de manutenção de redes e suas consequências, a cada dia mais danosa e desestimulante às atividades. A quem reclamar? Ao 116; faça o seu teste à eficiência desse serviço, quando necessitar, especialmente estando no interior de Minas. Ficando “sem luz” é um bom caminho para o infarto. 

Na onda das reclamações que foram sendo anotadas, um caso especial ocorreu na cidade de Itamarandiba, próxima de Diamantina, no Jequitinhonha. Um transformador que serve ao fornecimento de água pela Copasa à cidade foi danificado na quarta-feira por raios que caíram sobre aquela região. Acionada, a nova empresa contratada para começar seus serviços ontem, segunda-feira, como responsável pela manutenção e reparo desse tipo de equipamento, foi solicitada a que se adiantasse e assim auxiliasse na solução da falta d’água a ser fornecida, em plena pandemia, a uma população de 25 mil pessoas.

Deslocando-se para aquela cidade, com todas as dificuldades de prestar um serviço para o qual nem sequer ainda estava contratada, mas com o ímpeto de servir ao interesse público, tal empresa não conseguiu ligar o transformador na sexta-feira, primeiro porque o empreiteiro contratado para atender pela Cemig tal demanda chegara ao local da instalação às 18h30. Transferido o trabalho para sábado, outro empecilho, dessa vez porque o tal equipamento não dispunha de laudo técnico. Conseguir o transformador às pressas para socorrer a emergência de uma cidade inteira sem água, devidamente testado e sob a responsabilidade técnica de quem, presente, entendia do assunto, inclusive gente da própria Copasa, uma estatal e cliente da Cemig, não bastou. No sábado, depois de muita conversa, o transformador foi ligado, fazendo a água voltar para uso da cidade. 

São fatos que podem parecer menores para uma empresa que, ao longo de quase 70 anos de existência, gerou uma imagem de respeito e querida a Minas e aos mineiros. Mas que está sendo desidratada na sua importância econômica e, sobretudo, social, porque tais fatos são inúmeros, num atraso e demora que fazem sua ineficiência prejudicar o interesse e o resultado, os próprios e o de seus consumidores.