Paulo Navarro

Paulo Navarro

Colunista social que retrata personalidades e eventos da sociedade belo-horizontina e mineira

OPINIÃO

Vamos acolher

'Palavras bonitas e fortes: acolhimento, revolução, amor e empatia'

Por Paulo Navarro
Publicado em 25 de maio de 2024 | 03:00
 
 
 

Vamos acolher

Vanessa Nascimento é pedagoga, roteirista e autora do livro “Todas as Vidas de Tati”. Circulando pelo maravilhoso mundo dos grupos de WhatsApp não censurados, um texto de sua autoria, com título bem sugestivo e inspirador. “Acolhimento: um ato revolucionário de amor e empatia”. Poucas linhas que tentaremos multiplicar como pães, peixes e dengue. Mas dengue do bem, combinado? Um dengo, digamos.

Vamos ajudar

Palavras bonitas e fortes: acolhimento, revolução, amor e empatia. Solidariedade, generosidade, também. Por que não? “Feche os olhos por um minuto e tente lembrar de um momento em que foi acolhida na infância ou adolescência. Quem te acolheu? Qual era a situação? Se tiver mais um tempinho, sugiro que escreva sobre esse momento. Tenho certeza de que essa ação tornará seu dia um pouco mais leve”.

Vamos revolucionar

Pausa para nosso comentário. Está difícil lembrar um nome, uma pessoa, uma ação, um ato de bondade? Provavelmente. O mundo está cada dia mais cruel, indiferente, egoísta e individualista. Em certos casos é até aconselhável falar nada, fingir de morto, fingir que está tudo bem. Assegurar e garantir o contrário, que vivemos num mar de almirante e de rosas. Céus de brigadeiro e da pomba-rola que voou. Tem muito vampiro por aí disfarçado de amigo e confidente.

Vamos abraçar

Voltemos à Vanessa. “Se você se considera uma pessoa pouco acolhedora, provavelmente não foi suficientemente acolhida quando mais precisou. Acolher é uma ação que se aprende na prática e, sem exemplos, fica difícil passar adiante. A boa notícia é que, até o último dia de nossas vidas, estamos em fase de aprendizado e cuidar dos sentimentos daqueles que amamos é um verdadeiro prazer”.

Vamos fazer

Outro comentário nosso. E vocês aqui? São amigos ou vampiros? Já ajudaram alguém hoje ou ultimamente? Foram mais tolerantes, ouviram mais que falaram? Tentaram ajudar realmente ou apenas balançaram a cabeça, concordando e interpretando a solidariedade em seu melhor papel? E olha que não estamos no Rio Grande do Sul. Aliás, a tragédia que afetou e afeta os gaúchos é um bom detector de mentiras. Vocês ajudaram aquele Estado dizimado? E o amigo aí ao lado?

Vamos reagir

Fala, Vanessa! “Quando criança, fui taxada de ‘sensível demais’, dramática e chorona. Passei muitos anos tentando reprimir o que sentia, para não ‘incomodar’. Saí da casa dos meus pais muito cedo e casei com a primeira pessoa que me deu algumas migalhas de atenção que, pouco tempo depois, se transformou em abuso”. Ops! Vejam aí bom e velho “dormindo com o inimigo”!

Vamos dividir

“Minha vida, em casa, era um verdadeiro inferno, mas no trabalho, em sala de aula, tinha o acolhimento dos meus alunos que, tão pequenininhos, faziam eu me sentir a pessoa mais amada do mundo. Eu me sentia importante. O acolhimento era recíproco. Eu amava aqueles minis seres, que se sentavam em roda comigo, todo dia de manhã, como se fossem meus filhos”.

Vamos ouvir

“Construí uma relação de confiança com eles, e entendia quando diziam que, em casa, não estava tudo bem. Muitas vezes senti que eu era a única pessoa que parava para ouvir o que aquelas crianças tinham a dizer. E, por isso, sempre tive uma ótima relação com alunos tidos como ‘difíceis’”. Difíceis ou estranhos no ninho? Difíceis ou pessoas verdadeiras para quem a vida é simples, mas não é fácil e muito menos, justa.

Lança Perfume

“Entendi a importância de ouvir o que o outro tem a dizer - ouvir mesmo, de verdade”.
“Ouvir sem tentar encontrar formas de 'defesa' para a dor do outro”.
“É a maior demonstração de acolhimento que podemos oferecer àqueles que amamos”.
“Aprendi que, se queremos ser ouvidos, temos que ouvir primeiro. Assim, construímos uma relação baseada no diálogo verdadeiro”.
“E é disso que estamos todos precisando. Mas para isso, o autoacolhimento é essencial”.
“Quando consegui me acolher, finalmente tive forças para sair daquele casamento que tinha acabado com minha autoestima”.
“Entendi que teria que recomeçar do zero, que a única pessoa que estaria lá para me acolher, seria eu mesma”.
“Hoje estou aqui, escrevi meu primeiro romance e duas peças de teatro que já estão sendo ensaiadas. Tenho muito a dizer ao mundo. E ninguém, nunca mais, vai me calar”.

CONFIRA AS FOTOS DA COLUNA DESTE SÁBADO:

Propagando a revolucionária beleza do acolhimento,  Luana Azeredo. Crédito: Edy Fernandes / Divulgação

 

A cara bonita da empatia e do acolhimento, com Michele Teixeira. Crédito: Edy Fernandes / Divulgação

 

 

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