PAULO NAVARRO

A mais bela escultura de Amílcar

Redação O Tempo


Publicado em 12 de julho de 2014 | 03:00
 
 
 
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Beleza não ajuda, acrescenta. No caso de Ana Maria de Castro, a Aninha, sua legião de fãs e correligionários, sabe que ela é muito mais. Delicadeza, sensibilidade e elegância ambulantes. Mesmo assim, a Dama de Ferro, com mãos e espírito de aço, conduz o Instituto Amílcar de Castro, seu pai, um dos maiores artistas de Minas, do Brasil e do Mundo.


1) Ana, a pá de cal: O que achou dos 7x1?

“Nem sempre ganhando, nem sempre perdendo, mas a prendendo a jogar”.

2) O Brasil vai começar ou recomeçar depois da Copa?

Como dizem no futebol, segue o jogo e vamos ver o resultado.

3) Depois das eleições o ano vai, finalmente, começar ou acabar?

De acordo com o nosso calendário o ano só acaba em 31 de dezembro de 2014, portanto vamos aguardar.

4) Falemos sério. O que anda fazendo?

Trabalhando muito. O Instituto está envolvido atualmente, em três projetos de exposição, um no MAM – RIO, com curadoria de Paulo Sérgio Duarte que deverá acontecer no final de agosto ou início de setembro. Outros dois, com curadoria de Rodrigo de Castro, nas galerias Lemos de Sá, no mês de setembro, em Belo Horizonte e Marília Razuk, no mês de novembro, em São Paulo. Pretendo ainda inaugurar no final do ano um espaço a céu aberto no Instituto Amilcar de Castro que abrigará as esculturas de grande porte. Além disso, finalizei um livro de poesias do Amilcar, cujo projeto gráfico foi desenvolvido pela artista gráfica Lúcia Nemer e a curadoria dos poemas, feita pelos poetas Augusto Borges e Ferreira Gullar; que também assina a apresentação do livro. Está integralmente aprovado pela lei de incentivo à cultura e na fase de captação de recurso para sua execução.

5) Traduza aos leitores a fundação Amílcar de Castro?

O Instituto Amilcar de Castro foi criado em 2004 com a responsabilidade de preservar, divulgar e transmitir, com consciência social e cultural, toda a memória do artista, que em vida influenciou três décadas da arte brasileira e conquistou o respeito internacional. É uma organização cultural sem fins lucrativos que tem como principal objetivo catalogar e certificar toda obra do artista no Brasil e no exterior, para a publicação do Catálogo Raisonné. O principal projeto cultural e objeto da criação do instituto, com a publicação do catálogo Raisonné, é disponibilizar uma fonte completa de pesquisa junto ao público, universidades, museus e outras instituições ligadas à cultura, toda a documentação bibliográfica e museológica do artista plástico Amílcar de Castro e da sua obra. Também pretende criar e apoiar atividades relacionadas a exposições, palestras, cursos e eventos ligados à cultura. Se tornando mais um polo onde a cultura poderá circular.

6) Falando em Amílcar e Minas: Casa de ferreiro, espeto de pau?

Nada mais verdadeiro que ditado popular.

7) Você não acha que Amilcar de Castro merece um jardim de esculturas em BH?

Infelizmente a vida não é meritória. Em verdade o que faria diferença para o Instituto Amilcar de Castro seria o apoio para seu projeto de manutenção, esse é o nosso “goal” atual .

8) Lembrando Drummond e Amílcar oxidado: “Noventa por cento de ferro nas calçadas. Oitenta por cento de ferro nas almas”. É por aí?

Com todo respeito ao Drummond, não é por aí não (o Drummond andava meio deprê). Pesaria muito na alma de um povo criativo, alegre e hospitaleiro, como é, não só o mineiro, mas o brasileiro.

9) O que espera pro Brasil 2015?

Ando tão sem esperança... Mas, sem muito otimismo e para encurtar conversa, diria que deixe de ser aquele que um dia poderá ser, mas ainda não é.

10) Qual teu escultor favorito, fora do Brasil?

São muitos, mas citaria os norteamericanos Richard Serra, Alexandre Calder e o suíço Alberto Giacometti.

11) O que acha dos museus de Belo Horizonte?

Em um país onde a cultura fica em 14º lugar não poderíamos ter museus de excelência. Em sua grande maioria os museus de Belo horizonte não têm recurso para sustentarem uma boa infraestrutura, tanto físico quanto de recursos humanos, suas exibições são escassas e fracas e o acervo muitas vezes não é acondicionado e preservado com o devido rigor técnico que mereceria provocando, muitas vezes, perdas e danos irreparáveis. No entanto, vejo também, que já caminhamos muito, temos apresentado a população espaços culturais muito bons com exibições maravilhosas e com grande visitação popular. Mas que, infelizmente, não é o comum. É a exceção. Museu, a meu entender, é um espaço que não só contribui para a educação de seus visitantes e para a produção de conhecimento como a exposição, o discurso, a interatividade, os objetos, os monitores, a mediação e os processos educacionais que nele acontecem como também ajudam na valorização do patrimônio. Nesse sentido, nos dias de hoje, há a necessidade de se elaborar formas que abarquem todos os sentidos do museu: Um lugar de preservação do patrimônio e de coleções de objetos e artefatos material e imaterial, mas também local de prazer, sedução, encantamento, reflexão e busca de conhecimento. Neste aspecto, acredito, temos um longo caminho a percorrer, mas claro, como disse acima algumas exceções já apontam para uma luz no fim do túnel.

12) Você acha que Belo Horizonte atrairia mais turistas se nossas ruas fossem povoadas por monumentos, estátuas esculturas; arte, enfim?

Não sei se atrairia mais turistas, mas com certeza, seria uma cidade mais bonita, mais agradável e mais humana.

13) É possível melhorar Inhotim?

Inhotim é um espetáculo! O maior museu de arte a céu aberto do mundo. Um centro de arte contemporânea instalado em uma reserva ambiental cujo projeto paisagístico, por si só, já é uma atração à parte. É um sonho tornado realidade. Além disso, tem uma proposta muito interessante na qual o visitante não precisa necessariamente seguir um roteiro pré-definido. Visita o que for do seu interesse ou segue por caminhos aleatórios entregando-se livremente ao museu, descobrindo e experimentando a cada momento obras, galerias e pavilhões que encantam, seduzem e impactam o visitante, contribuindo para seu crescimento e aprimoramento intelectual e sensorial.  Desde 2006 quando foi aberto ao público vem se superando, suas exposições são sempre renovadas e galerias são anualmente inauguradas. Inhotim é, sem dúvida, um orgulho para o povo brasileiro e espacialmente para o mineiro. Ainda acho que não tem a divulgação maciça no Brasil e no exterior que mereceria. Não acredito que exista no mundo nada como Inhotim.

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