Nascida em Belo Horizonte, Minas Gerais, a tenista Vitória Miranda carrega consigo o triunfo em todos os aspectos da vida. Com apenas 17 anos, ela venceu dois títulos no Australian Open juvenil de cadeira de rodas. Campeã nas duplas na sexta-feira (24) e da categoria simples no sábado (25), alcançou destaque máximo no primeiro Grand Slam do ano.

Miranda e a belga Luna Gryp, venceram a dupla formada pela americana Sabina Czauz e pela atleta da letônia, Ailina Mosko, por 2 sets a 1. No dia seguinte, Vitória venceu novamente Czauz na simples, desta vez com direito a virada, com parciais de  0/6, 6/3 e 7/6.

A história da vencedora Vitória Miranda

Hoje top 1 do ranking de sua categoria e figura carimbada nas listas de atletas paralímpicas mais promissoras do Brasil, a jovem mineira teve que enfrentar percalços desde o nascimento. Fruto de um parto prematuro de seis meses, ela desenvolveu artrogripose congênita. Por conta desta realidade, possui apenas 10% da mobilidade nas pernas.

O que poderia significar uma dificuldade, para Vitória Miranda se transformou em motivação e resiliência, mas não sem antes passar pelas mãos de um treinador que a ensinasse a lutar através do esporte. Léo Botija, Coordenador do Projeto Brincar de tênis, introduziu a garota na modalidade, ao enxergar em Vitória o potencial físico.

Após a morte de um familiar, ela decidiu se aprofundar nos treinamentos e começou a se desenvolver dia após dia.  E com isso, rapidamente as coisas começaram a dar certo. Ainda com 15 anos, a brasileira conquistou o topo do pódio  no Parapan de Jovens de Bogotá, na Colômbia.

Ano passado, em outubro, assumiu a liderança do ranking em sua categoria, após vencer o Masters Juvenil das Américas, em Houston, e o ITF de Eindhoven, na Holanda.

E no primeiro Grand Slam de 2025, alcançou a sua primeira vitória em um torneio major juvenil, e se consolidou como grande prospecto do esporte nacional.

“Me falaram que eu ia ser uma vegetal, que eu não ia andar e nem falar. Eu estou aqui para provar para eles que estão errados e que hoje eu sou uma atleta de alto rendimento”, disse Vitória em uma entrevista para a TV Brasil.

Para o Agência Minas, Léo Butija, técnico e idealizador do projeto de formação de atletas, ressaltou a satisfação com a conquista. “Estamos muito felizes com tudo o que aconteceu e tem acontecido na carreira e na vida da Vitória. Ter uma empresa do porte da Copasa patrocinando a Vitória e a Butija Tênis, para nós, é de uma relevância muito grande”, disse.

Além dos dois títulos de Miranda nas chaves de simples e duplas, Luiz Calixto também foi campeão nas duplas juvenis da categoria. Com os resultados do Australian Open, o tênis em cadeira de rodas brasileiro soma agora cinco títulos em Grand Slam, incluindo as conquistas de Jade Lanai, em simples e duplas, no US Open de 2022.