O humorista Paulo Araújo está viralizando nas redes sociais com um vídeo em que critica, de um jeito bem "mineirês", a "PEC das Praias", proposta que tramita para aprovar a privatização de terrenos beira-mar. 

A publicação de Paulo simula como seria se mineiros de Divinópolis e cidades próximas comprassem uma praia do Espírito Santo.


"É porque agora tá podendo comprar praia, né, com as PEC das praias. Então, a gente comprou a nossa própria praia aqui, um pedacinho pra gente, um lote... O pessoal juntou, lá de Divinópolis, Bom Despacho, Nova Serrana e Pitangui... Fizemos uma vaquinha e compramos esse pedacinho aqui", ironiza em tom de brincadeira o humorista.


Araújo também brinca dividindo marcações na areia da praia e proibindo a entrada de pessoas que não tenham ajudado a comprar o terreno. Quando é questionado se apenas mineiros poderiam entrar no local, ele responde:


"Só do DDD 37, né?! Tem outras cidades por aí. Tem Uberlândia pra lá, ali tem Montes Claros, então cada um tá comprando um pedacin", brinca.


O vídeo usa e abusa de expressões regionais e do sotaque mineiro. Até mesmo o costume dos moradores de Minas de perguntarem "Cê é fi de quem?" para desconhecidos é reproduzido quando alguém pede permissão para entrar na "praia privada". 


Veja vídeo:

A publicação irônica tem repercutido nas redes sociais desde o dia 09 de junho, quando foi postada no Instagram. O vídeo já tem mais de 1,3 milhão de visualizações, 79 mil curtidas e 4.500 comentários.


Em entrevista ao portal O TEMPO, Paulo Araújo afirmou que está surpreso com a repercussão, principalmente em outras regiões do Brasil:


"A gente já imaginava que seria um bom vídeo, porque enquanto escrevíamos as ideias, a gente dava risada. Então, como a gente já tem um público natural de Minas Gerais, imaginávamos que as pessoas iriam gostar da ideia de mineiros comprando um pedaço da praia. O que surpreendeu foi que furou a nossa bolha e se espalhou Brasil a fora", afirma o humorista.


Ele também contou que o vídeo surgiu inspirado na pergunta de uma moradora de Vila Velha, no Espírito Santo:


"Fizemos 4 shows em Vila Velha e no final uma moça perguntou se tínhamos ido lá comprar um pedaço da praia pra mim, foi aí que veio a ideia. Aproveitamos pra gravar no domingo a tarde e postamos logo depois, pouco antes dos shows", relembra Paulo.


A maioria dos internautas, que são mineiros, aprovaram a brincadeira:


"Agora tem jeito de esfregar a praia na cara de quem falar que em Minas não tem mar… Ninguém mais nos seguuuuuraaaaa!!! Ô trem bão, sô!", escreveu um seguidor.

"Quero saber qual a parte de Contagem!?" brinca outro mineiro.

"Tem alguém de Ponte Nova fazendo uma vaquinha aí para comprar um pedacinho?", diz o comentário.


Porém, algumas críticas também aparecem nos comentários do vídeo. Paulo afirma que ainda está aprendendo a lidar com isso:


"Hoje absolutamente tudo vira debate político. Honestamente a gente fez o vídeo com a única intenção de ser engraçado, eu só ouvi falar desse assunto da PEC porque teve a treta da Luana Piovanni e do Neymar, fora disso eu nem sei do que se trata. Só achamos engraçado a frase: "comprar praias" com a ideia de mineiros finalmente podendo comprar sua praia. O resto foi tudo invenção da cabeça dessa parte do povo que de uns tempos pra cá resolveu discutir até cor de fruta. Pra gente a única intenção era ser engraçado", confessa o humorista.

Paulo Araújo nasceu em Pernambuco, mas é mineiro naturalizado. A intimidade com o estado é tão grande que ele criou um "Dicionário Mineirês".


A PEC das Praias


A PEC das Praias se tornou um dos assuntos mais comentados no Brasil após Luana Piovani expor o jogador Neymar. Segundo a atriz, o atleta teria interesse na privatização de praias brasileiras e que ele já teria, inclusive, uma parceria com uma construtora que faria obras de um condomínio na beira do mar.


Os dois trocaram farpas e acusações e vários influencers e famosos se posicionaram contra e a favor à PEC.


A proposta altera a Constituição e transfere áreas de marinha para ocupantes particulares, ou seja,  caso seja aprovada, significará a privatização do litoral brasileiro.

No Congresso Nacional, a ideia é defendida por parlamentares do centrão e de direita, como Flávio Bolsonaro. Eles dizem que a PEC vai fomentar a economia nacional, especialmente o turismo. 


Já especialistas afirmam que a mudança na Constituição pode se chocar com princípios de soberania nacional, justiça social e pontos importantes da preservação do meio ambiente. 

Nota técnica emitida pelo Grupo de Trabalho para Uso e Conservação Marinha (GT-Mar), diz que a aprovação da proposta gerará "grave ameaça ambiental" às praias, ilhas, margens de rios, lagoas e mangues, além de ser um aval para "expulsão de comunidades tradicionais de seus territórios".


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