Um casal foi flagrado imitando macacos na roda de samba Pé de Teresa, no Rio de Janeiro. O caso veio à tona no sábado (21), quando a jornalista Jackeline Oliveira filmou o ato e denunciou o racismo na internet. As cenas foram registradas na Praça Tiradentes, no centro da capital carioca. 

No vídeo, é possível ver que além de imitarem gestualmente, o homem e a mulher, ainda não identificados, também emitiram sons imitando macacos. De acordo com o relato da jornalista, publicado nas redes sociais, após ela observar a cena ela chamou os seguranças do local para pedir que o casal interrompesse com os atos. 

“Eu decidi que isso era pouco, precisava ter feito mais.  Acredito que se eu não tivesse filmado, isso nem seria divulgado, ninguém saberia. É uma falta de respeito”, disse em um vídeo publicado no Instagram. Na manhã desta segunda-feira (22), Jackeline foi a uma delegacia da Polícia Civil no Rio, junto com representantes da roda de samba e da vereadora Mônica Cunha (Psol). 

“Não é brincadeira, não é deboche, é crime e não vamos mais tolerar! Uma violência que atravessou não só o meu corpo, como de diversas pessoas que estavam lá”, complementou a jornalista. Ao se deparar com a cena, ela ainda relatou ter ficado sem reação. “Eu só pensei o seguinte: preciso ter provas e por isso gravei o vídeo. A gente imagina fazer muita coisa quando não toca a nossa pele, quando não nos atravessa de forma direta”, lamentou. 

No Instagram, a roda de samba Pé de Teresa afirmou que as cenas são inaceitáveis. “O nojo toma conta de nossos pensamentos e palavras. Nojo de toda essa branquitude disfarçada de paz e amor que vem no samba. Só não foram expulsos porque o fato não chegou à ciência de nossa produção. O samba é lugar de gente preta e feito por gente preta. Nosso samba é nosso quilombo, nosso espaço de existência e resistência”, diz o texto publicado nas redes sociais. 

A produção da roda de samba ainda destacou que a presença de pessoas como o casal não é bem vinda. “Coloquem-se no lugar de vocês que é ‘nenhum’. Não fazemos questão deste tipo de presença em nosso samba e se virmos este comportamento inaceitável serão expulsos. Pessoas pretas que se sentirem de alguma maneira incomodadas em nosso samba devem procurar a nossa produção. Não passarão!”, finalizou o texto. 

O casal não foi localizado para se pronunciar sobre o caso.