BRASÍLIA. O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), órgão ligado à Força Aérea Brasileira, vai iniciar uma investigação para apurar as causas da queda de um avião da Voepass com 61 pessoas em Vinhedo (SP), nesta sexta-feira (9), em que todos os passageiros e tripulantes faleceram.
Os investigadores já estão em posse dos gravadores de voz da cabine do avião e de dados instalados na caixa preta. Os equipamentos serão enviados em Brasília, onde serão aproveitados. Porém, ainda não há prazo definido para a conclusão das apurações.
Segundo o brigadeiro Marcelo Moreno, chefe do Cenipa, as informações e hipóteses sobre o ocorrido ainda são preliminares e poucas conclusões podem ser tiradas. Uma das poucas certezas que já se tem é que, durante o voo, não houve, por parte da tripulação da aeronave, a comunicação de que havia uma situação de emergência.
“Não houve, por parte da aeronave, comunicação com os postos de controle de que havia uma emergência. Preliminarmente, nós temos essa informação de que não houve informação de que a aeronave estaria passando por qualquer tipo de emergência que seja”, disse.
Situação da aeronave
De acordo com o diretor da Agência Nacional de Aviação Civil (Anac), Luís Ricardo, a aeronave estava regularizada junto ao órgão e se encontrava com suas funções normais de aeronavegabilidade. Construída em 2010, ela deu entrada no Brasil em 2022, quando foi comprada pela Voepass, e estaria de acordo com a regulamentação.
“Ela cumpre qualquer requisito de desempenho como de emergência também. [...] Essa aeronave, como qualquer outra aeronave certificada, atende aos mesmos requisitos e cumpre os mínimos de segurança do que qualquer outra aeronave dessa categoria no mundo”, reforçou o chefe da Divisão de Investigação do Cenipa, Coronel Baldin.
Possível acúmulo de gelo
Ao longo da tarde desta sexta-feira, uma das hipóteses mais difundidas por alguns especialistas e nas redes sociais foi de que a queda do avião teria sido causada pelo acúmulo de gelo na superfície da aeronave, o que teria provocado, por exemplo, o desligamento dos motores.
Segundo o Cenipa, ainda não é possível fazer tal afirmação, já que as informações ainda são “prematuras”. Além disso, as informações meteorológicas estão sempre disponíveis ao comandante para planejamento do voo.
“Essa aeronave é certificada para voar nessas condições. Ela tem sistemas de proteção para evitar a formação de gelo na superfície. Mas também caso haja essa formação de gelo, ela tem dispositivos para eliminar. Em vários países é certificada para voar em condições severas de gelo”, disse Coronel Baldin.