A cadeirada de José Luiz Datena (PSDB) contra Pablo Marçal (PRTB) no debate à prefeitura de São Paulo nesse domingo (16/09) pode ter origens tão distantes quanto a Inglaterra do século 19. O ataque ocorreu após o tucano ser chamado de “Jack” pelo adversário, um termo utilizado nos presídios para designar estupradores. A expressão, diz uma das teorias mais disseminadas sobre ela, remonta a um serial killer que aterrorizou o Reino Unido em 1888.
Naquele ano, Jack, o Estripador, assassinou cinco mulheres em um intervalo de menos de três meses. As vítimas foram encontradas com mutilações no rosto, pescoço e genitais. Mas a alcunha do assassino era devido a um detalhe cruel: ele as estripava, isto é, retirava seus órgãos internos e deixava as tripas à mostra. As investigações nunca encontraram o assassino, que se tornou um dos maiores mistérios da Inglaterra.
Em 1988, o caso inspirou um filme chamado “A Volta de Jack, o Estripador”, disseminando novamente a história. Uma das possíveis origens do uso de “Jack” para designar estupradores da cadeia seria uma confusão de “estripador”, palavra pouco comum no dia a dia, com “estuprador”.
Popularizado, “Jack” aparece, por exemplo, em uma música do Racionais MC’s. “Até Jack! Tem quem passe um pano”, diz o trecho de “Vida Loka, Pt. 1”, de 1994. O estupro é um crime condenado até por algumas facções criminosas. O Estatuto do Primeiro Comando da Capital (PCC) diz não admitir estupradores em suas fileiras.
No debate eleitoral, Pablo Marçal recuperou uma denúncia de uma ex-funcionária da Band, emissora em que Datena comandava um programa policial, que acusou o então apresentador de assédio sexual. O processo correu na Justiça de São Paulo, mas a denúncia foi retirada meses depois e o caso, arquivado em 2019.