Conhecido defensor dos direitos dos animais, Paul McCartney, 83, manifestou-se contra o cardápio da COP30, que não é 100% vegano. O beatle publicou uma carta aberta ao presidente da conferência, André Corrêa do Lago, assinada em parceria com a ONG Peta, de defesa dos animais. A Peta está presente em Belém realizando várias ações — uma delas, com Luisa Mell pintando o corpo de planeta Terra, viralizou na última semana.

"Servir carne em uma conferência climática é como distribuir cigarros em uma conferência de prevenção ao câncer", escreveu Paul. "A indústria de agricultura animal é uma das maiores causadoras de desmatamento e da catástrofe climática que está assolando o planeta."

As informações são da revista britânica New Music Express. Na carta, o artista afirma que a pecuária é responsável por 80% do desmatamento.

"Peço que o senhor alinhe o cardápio da COP30 com sua missão, tornando-o totalmente vegetariano. Isso reduziria significativamente sua pegada de carbono e o impacto ambiental geral, servindo de exemplo positivo para o mundo", escreveu Paul.

PAUL E O VEGETARIANISMO

McCartney é defensor dos direitos dos animais desde os anos 1970, quando sua esposa, Linda McCartney (1941-1998), ainda era viva.

Na época, o casal teve um momento de epifania que mudou sua relação com a comida. Enquanto almoçavam cordeiro em sua fazenda, eles foram visitados por um rebanho de cordeiros, pastando e os observando.

Após a morte de Linda, Paul continuou o ativismo em defesa dos animais. Ele é ligado à Peta desde os anos 1990.
Em sua carta aberta, Paul elogiou a escolha da sede do evento, Belém, mas chamou atenção para a questão do cardápio.

"É apropriado que a COP30 seja realizada em Belém, a porta de entrada para a Amazônia, cuja floresta tropical é frequentemente chamada de pulmão da Terra por absorver e armazenar enormes quantidades de dióxido de carbono, liberando oxigênio. Proteger a Amazônia, que sustenta a vida, deve ser uma prioridade máxima para ambientalistas de todas as nacionalidades, por isso fiquei chocado ao saber que apenas 40% dos alimentos servidos na COP30 estão previstos para serem vegetarianos", escreveu o músico.

"A indútria da pecuária é uma das principais responsáveis pelo desmatamento e pela catástrofe climática que está assolando o planeta. De fato, a pecuária é responsável por 80% do desmatamento da floresta tropical. No Brasil, a prática de cortar e queimar a floresta tropical para dar lugar a fazendas de gado, combinada com as condições cada vez mais secas devido às mudanças climáticas, está fazendo com que a Amazônia queime em um ritmo alarmante, criando um ciclo vicioso com consequências devastadoras e de longo alcance", completou.

"O próprio site da COP30 confirma que as refeições à base de plantas têm uma pegada de carbono substancialmente menor, portanto, peço que deem o exemplo e façam com que a conferência seja inteiramente vegetariana", concluiu Paul. (FOLHAPRESS/ ANAHI MARTINHO)